O “1989” é um álbum pop fabuloso que manteve as grandes vendas dos seus antecessores.
O título do quinto álbum de estúdio da Taylor Swift foi inspirado no cenário da música pop do seu ano de nascimento. Diferente de seus trabalhos anteriores, “1989” é totalmente pop – construído sobre programações de bateria, sintetizadores, linhas de baixo e guitarras. Dito isto, Taylor Swift o descreveu como “meu álbum oficialmente pop documentado pela primeira vez”. O conteúdo lírico é baseado principalmente no amor, onde ela discute frequentemente as complexidades de suas relações. Embora o seu interesse pelo pop fosse evidente em canções como “We Are Never Ever Getting Back Together”, “I Knew You Were Trouble”, “22” e “Better Than Revenge”, “1989” foi realmente o seu primeiro álbum que poderia ser classificado de tal forma. Ainda são canções de amor, então os temas familiares têm o seu momento – rejeição aos céticos, romances favoráveis, término de namoro e muito uso de suas palavras favoritas. O som empolgante fornece um ponto de entrada para novos ouvintes e uma chance para os antigos virem à tona, para reconhecer que nem sempre tudo precisa ser tão sério. Pode ser tão bom esquecer a dor de um coração partido quanto explicar exatamente por que e como você foi ferido. Aqui, Swift habita dentro de uma fantasia totalmente realizada de confiança e prazer.
A faixa de abertura, “Welcome to New York”, é uma homenagem à cidade onde ela adquiriu dois lofts por 20 milhões de dólares. Há uma predominância de teclados e programação eletrônica típicas dos anos 80. Mas, como de costume, também fala sobre suas escolhas de vida, tanto artística como pessoal. “Todos aqui eram outras pessoas antes”, ela canta sem arrependimentos. Sob um turbilhão de euforia ela também avisa: “É uma nova trilha sonora / Eu poderia dançar ao som dessa batida para todo o sempre“. “Blank Space” é provavelmente a melhor música de sua carreira – grande candidata para o posto de melhor canção pop de 2014. Um electropop incrivelmente cativante que consegue captar a essência do álbum, enquanto fornece visões sobre um romance em uma direção inevitável. As letras céticas também satirizam a percepção da mídia perante seus relacionamentos: “Tenho uma longa lista de ex-namorados / Eles te dirão que sou maluca / Mas eu tenho um espaço em branco, querido / E escreverei seu nome”. “Style” é referente a relação luxuriosa com Harry Styles do One Direction – só a variação literal do seu nome no título já deixa isso claro. É um número funk e disco polido composto por guitarras distorcidas e riffs de sintetizador.
Tem uma melodia excepcionalmente elegante, vibrações minimalistas e batidas vagamente dançantes. Swift fala como o namoro ficou em um vai-e-vem e terminou não sendo uma relação saudável: “E quando nós desabamos / Conseguimos ressurgir, todas as vezes / Pois nós nunca saímos de moda”. Embora a narrativa seja um pouco monótona, a produção é exuberante e delirantemente triunfante. O synth-pop “Out of the Woods” é outra canção magnífica. Uma espetacular combinação de melodias crescentes, repetições grudentas e exuberantes correntes eletrônicas. Sua produção é cheia de elementos mágicos que lembram a música popular da década de 80, mas com um toque contemporâneo. Swift tenta adivinhar o seu próprio relacionamento, perguntando se seus envolvimentos românticos estão fadados ao fracasso por causa de quem ela é. “Olhando para ele agora, em dezembro passado / Nós fomos construídos para desmoronar / Em seguida, cair novamente juntos”, ela canta antes da pergunta central: “Será que já estamos fora de perigo?”. A ponte ainda faz referência ao incidente de snowmobile que ela e Harry Styles sofreram quando estavam juntos: “Lembra quando você pisou no freio cedo demais / Vinte pontos em um quarto de hospital”.
Swift canta com convicção e paixão, transformando “Out of the Woods” em uma verdadeira joia escondida dentro do “1989”. Max Martin ficou encarregado dos vocais enquanto Jack Antonoff acrescentou os sintetizadores e a compacta percussão. “All You Had to Do Was Stay”, por sua vez, é outra lamentação sobre o fim de um relacionamento – os falsetes do refrão são um dos maiores atrativos, mas, desta vez, foi inspirado por um sonho em vez de um romance real. O primeiro single, “Shake It Off”, é um dance-pop rítmico e irritantemente cativante com letras repetitivas e batidas contagiantes. O ritmo uptempo e a linha de saxofone são pontos que entram em grande contraste com as músicas do seu passado. Liricamente, é apenas direcionada aos seus detratores: “E os haters vão odiar, odiar, odiar / Querido eu só vou sacudir, sacudir, sacudir / E deixar pra lá”. É estranho ela questionar sobre a publicidade negativa em torno de sua vida amorosa, tendo em vista que faz questão de expor em suas músicas. “I Wish You Would” possui uma produção exuberante e é outra homenagem aos anos 80. Desta vez, os sintetizadores ficaram responsáveis por construir e acelerar o refrão, enquanto explodem sob a percussão e os vocais em camadas.
Também co-escrita por Antonoff, “I Wish You Would” descreve um garoto que, embora esteja com outra pessoa, ainda é a sua grande paixão. “Bad Blood” obteve uma grande repercussão antes mesmo do lançamento do álbum; Swift disse, em uma entrevista à Rolling Stone, que a música falava sobre uma outra popstar que fez algo terrível. Ela concluiu dizendo que não tratava-se de garotos, mas sim de negócios, porque a outra popstar tentou boicotar sua última turnê. Logo após essa declaração, muitos sites e usuários nas redes sociais começaram a fazer especulações sobre de quem se tratava. Consequentemente, o nome mais comentado foi o de Katy Perry. Há informações que circulam na internet que Perry recontratou seus dançarinos que estavam na “Red Tour” para a “Prismatic World Tour”. Tudo indica que as duas estão realmente intrigadas, porque faz um tempo que não são vistas juntas. Especulações a parte, a única certeza que temos é que “Bad Blood” é uma contagiante música electropop. Graças a sua divulgação massiva, um videoclipe super produzido e um remix com o rapper mais badalado do momento, “Bad Blood” acabou tornando-se sua quarta canção a liderar a parada de singles dos Estados Unidos.
A nova versão trouxe versos de ninguém menos que Kendrick Lamar – rapper que ela admitiu publicamente ser fã. Swift sempre entrega o assunto de suas canções com facilidade e demonstra o quanto ficou machucada com a tal traição: “Band-aids não consertam buracos de bala / Você pede desculpas só pelo show / Se você vive assim, vive com fantasmas / Se você ama assim, o sangue corre frio”. Ao contrário dos primeiros singles, “Wildest Dreams” é uma suave balada com proeminente influência de dream pop. É praticamente uma reminiscência da Lana Del Rey, com vocais ofegantes e contrastes entre registros superiores e inferiores. É o momento mais sombrio do “1989”: uma peça quase cinematográfica onde seus suspiros são um charme a parte. Por certo, é uma balada apaixonada com letras sussurradas, tons sensuais e um doce refrão. Liricamente, “Wildest Dreams” discute uma nova perspectiva sobre o amor – falando sobre um relacionamento dramático que chegou ao fim. Uma canção que relembra, em alguns aspectos, outras composições de sua discografia, como “Teardrop on My Guitar” e “Dear John”. Consequentemente, injeta um novo tom no álbum e adiciona uma camada de complexidade necessária para o mesmo.
“Diga que você vai me ver de novo / Mesmo que seja apenas em seus sonhos mais selvagens”, ela canta sedutoramente no refrão. “How You Get the Girl” é mais agitada e mistura o melhor dos antigos truques da Taylor Swift com as batidas pop do Max Martin. Essa canção foi descrita por ela como um manual de instruções para todos os homens. A balada “This Love” é a única produzida com o seu antigo parceiro, Nathan Chapman. Sua produção é mais crua e possui, especificamente no refrão, uma linda e mágica melodia. Segundo a própria, era originalmente um poema escrito em 2013 que acabou transformando-se em música. A excessivamente cativante “I Know Places” foi co-escrita por Ryan Tedder da banda OneRepublic; outra peça que trabalha concomitantemente com o alto nível do “1989”. O conteúdo lírico apresenta imagens de raposas que representam Taylor Swift e seu amante, enquanto a mídia é retratada como “caçadores”. “Clean”, co-escrita e produzida pela Imogen Heap, recaptura todos os temas do álbum de forma bem comovente. Inesperadamente, Imogen Heap conseguiu influenciar e acrescentar um bom apoio à sua melancolia eletrônica.
“1989” é centrado em torno da Taylor Swift reconhecendo suas falhas. Possui alguns clichês líricos, mas isso é muitas vezes inevitável. O importante é que esse álbum conseguiu ilustrar uma Taylor Swift mais adulta e amadurecida, em vez de uma garota ingênua como a de oito anos atrás. Ela tem 7 Grammy Awards e 4 álbuns multiplatinados – que foram conquistados usando os mesmos temas, metáforas e tendências. Era um fórmula mágica, mas ela deixou sua zona de conforto para mergulhar de vez na música pop. E diga-se de passagem, ela está fazendo uma ótima música pop – sua manobra mais ousada e criativa até hoje. Para uma artista que começou sua carreira em Nashville e sempre fez música country, a notícia de que ela estaria em ruptura com o público-alvo pode ter sido chocante. Mas ela provou que foi uma decisão corajosa, pois o “1989” é um material que marca uma boa transição e mostra um crescimento artístico em linha reta. Sua vida pessoal costuma ser confusa, suas aspirações românticas tradicionais e sua alegria facilmente comparada com a de líderes de torcida. Mas, independentemente de seus erros e acertos, “1989” é um álbum pop fabuloso que manteve as altas vendas de seus antecessores.