O novo single da soundtrack de “Pantera Negra”, intitulado “King’s Dead”, é uma produção do Mike WiLL Made-It e Teddy Walton. Jay Rock, amigo de longa data de Kendrick Lamar, lidera a música. Desde o início, a batida é contundente e sombria. Lamar deixa cair um gancho feroz que acaba sendo mais cativante do que o esperado. Ademais, a canção também conta com a participação do Future e do britânico James Blake. “King’s Dead” abre com a voz anasalada do Kendrick Lamar, antes de Jay Rock entregar um verso surpreendentemente afiado.
Future empresta sua assinatura vocal cheia de auto-tune no segundo refrão e na ponte, conforme recita suas típicas letras sobre sexo e dinheiro. Parece uma música inicialmente estranha para um filme de ação que encontra T’Challa (Chadwick Boseman) batalhando pelo trono de Wakanda contra Erik Killmonger (Michael B. Jordan). Para a nossa surpresa, Jay Rock, Future, Kendrick Lamar e James Blake criaram algo inesperadamente interessante. Além disso, é a primeira vez que os ex-companheiros de turnê, Lamar e Future, colaboram juntos em uma música. “King’s Dead” é um banger energético e escuro, embora nem todos os componentes funcionem tão bem quanto poderiam. “Sinto saudades de mim com essa besteira / Você não é realmente selvagem, você é um turista”, Lamar declara no refrão. Sua presença dá a impressão ilusória de que se trata de uma faixa sua com Jay Rock – e não o contrário.
O verso do Rock ainda é divertido, no entanto. Seu fluxo urgente mascara a possibilidade de repetição e destaca algumas sílabas impressionantes. Future, por sua vez, é útil na melhor das hipóteses. Sua entrega auto-sintonizada e modificada foi feita para manter a música intrigante – embora a ponte seja horrível. Nesse momento, ele suspira de forma desagradavelmente aguda. Sua voz áspera constrói um falsete que mais parece feito com gás hélio. Até esse ponto, o conteúdo lírico não se desvia da característica farra do rap contemporâneo. Uma linha em especial – “carros velozes, dinheiro rápido, vida rápida” – sintetiza o conteúdo de “King’s Dead”. Mas há uma mudança de ritmo e um abrandamento que introduz uma breve aparição de James Blake, que se pergunta sob uma voz distorcida: “Mudanças, você vai fazer alguma coisa?”. Kendrick Lamar entra em cena novamente e surge com maior destreza técnica e lírica. Depois da reintrodução assistida pelos vocais fantasmagóricos do James Blake, ele fornece letras que finalmente parecem conectadas com a história do filme. Depois de uma série de linhas superficiais, ele proclama no final do verso: “Todos saúdem o Rei Matador”.