Em seu novo single, “If the Car Beside You Moves Ahead”, a voz de James Blake ocupa o centro do palco. O artista, conhecido por seu barítono melancólico, sente-se à vontade sobre bases eletrônicas e interpretações carregadas de emoção. Sua voz não apenas assombra suas próprias produções, mas também as de outros artistas. Essa nova faixa marca um retorno experimental que remete ao seu primeiro álbum autointitulado. Assim como grande parte daquele trabalho, “If the Car Beside You Moves Ahead” é estranha, hipnótica e desconcertante, repleta de fragmentos instrumentais e vocais intensamente distorcidos.
Aqui, sua voz é tão recortada e gaguejante que, por momentos, ele soa quase como um robô. O processamento vocal é radicalmente experimental, mas Blake mantém o controle e a coerência. A canção transmite uma sensação de imprevisibilidade, como se a qualquer instante pudesse sofrer uma reviravolta. Conduzida por uma linha de sintetizador e percussão minimalista, “If the Car Beside You Moves Ahead” resgata a manipulação psicodélica característica de seus primeiros trabalhos. Apesar da energia jovial, os vocais carregados de efeitos não aceleram o ritmo da faixa. A produção é ao mesmo tempo fascinante e frustrante, pois a intensa distorção vocal dificulta a compreensão da letra. O single é acompanhado por um videoclipe filmado em Los Angeles e dirigido por Alexander Brown. O clipe se alinha perfeitamente aos vocais deturpados de James Blake, enquanto ele percorre anonimamente as rodovias da cidade. Há algo de inquietante nesta música, principalmente no refrão: “Se o carro ao seu lado se move adiante / Por mais que pareça estar morto / Você não vai para trás”. No entanto, apesar dos belos efeitos sonoros e truques vocais, “If the Car Beside You Moves Ahead” carece de um verdadeiro senso de progressão.