Nicolas Jaar é um artista chileno-americano que reside em Nova York. Desde o lançamento de seu primeiro álbum, ele tem seguido direções cada vez mais experimentais, publicando suas gravações por meio de seu próprio selo. Em 2013, sua gravadora passou a divulgar músicas de um produtor chamado A.A.L. (Against All Logic) – que, na realidade, é o próprio Nicolas Jaar. “2012–2017” (2018) é o seu terceiro álbum de estúdio sob o nome A.A.L. (Against All Logic), uma coletânea de faixas produzidas por ele no período entre 2012 e 2017, lançada quase sem aviso prévio. O grande destaque desse repertório é “I Never Dream”, uma música que revela o ouvido apurado de Jaar para os detalhes, especialmente na forma como manipula a bateria. A faixa é pulsante, conduzida por uma discreta amostra vocal. É impossível não se deixar hipnotizar pela vibe que ele cria, enquanto a amostra vocal se expande e as repetições se tornam incrivelmente frenéticas.
Pode-se dizer que “I Never Dream” é a canção mais estimulante e ousada que A.A.L. já lançou. A maneira como ela se desenvolve em torno da encantadora partícula vocal é simplesmente fascinante. Nesse momento, Jaar permite que suas habilidades de produção brilhem, culminando em uma das canções mais envolventes de sua carreira. As amostras vocais filtradas entram e saem de forma abrupta, girando sobre si mesmas várias vezes e criando uma dinâmica única. Além disso, a sensação de ansiedade, característica de boa parte de seus melhores trabalhos, ainda está presente. É quase impossível não se deixar levar pelas emoções que Nicolas Jaar transmite em sua música. Mas “I Never Dream” é mais otimista e excêntrica do que o habitual – graças à fusão de estilos, à estrutura experimental e às colagens sonoras. Faixas como essa demonstram o quão completo ele é como produtor.