Musicalmente, The Neighborhood continua sem direção e identidade, assim como no seu trabalho anterior.
The Neighborhood surgiu pela primeira vez em 2013 com “I Love You.” (2013), um disco de rock alternativo que gerou o single “Sweater Weather”. Essa faixa fez uma mistura de pop, R&B e indie rock, e alimentou sua popularidade como uma banda capaz de criar hits no mainstream. Outros trabalhos inclui o “#000000 & #FFFFFF” (2014), um projeto lançado de forma gratuita. Cinco anos depois, o terceiro álbum auto-intitulado da banda atingiu apenas o número #61 da Billboard 200. Esse disco mostra uma crise de identidade que veio após o fim dos 15 minutos de fama. Muitas faixas já apareceram em EPs lançados anteriormente, deixando os fãs com pouco conteúdo novo. Ao tentar recuperar a magia do início de sua carreira, The Neighborhood não conseguiu inspirar o ouvinte através dos seus repetitivos temas líricos e da incorporação desajeitada de tendências atuais. Durante a mixtape “#000000 & #FFFFFF” (2014), o grupo usou uma abordagem influenciada pelo hip-hop, mas quando viu que não teve a reação esperada, voltou às melodias sombrias que o tornou famoso. Seu novo álbum é exageradamente dramático, desinteressante e pouco envolvente. Quase nenhuma faixa é executada de forma convincente ou memorável.
Embora continue com sua estética em preto e branco, “The Neighborhood” contém um som ligeiramente diferente dos seus dois primeiros álbuns. “I Love You.” (2013) foi alimentado pelo indie pop e indie rock, enquanto “Wiped Out!” (2015) de alguma forma manteve as influências do mesmo. Ele representa a fragilidade da banda, mas foi bem mais aventureiro em seu som. “The Neighborhood”, por sua vez, é baseado em sons eletrônicos e letras que tentam tocar em temas profundos. Porém, embora a banda tenha amadurecido, o álbum não tem diversidade. Cada música contém o mesmo som eletrônico subjacente e apresenta os mesmos vocais melancólicos de Jesse Rutherford. Consequentemente, após ouvir as doze faixas, é compreensível que o ouvinte fique entediado. Como sempre, Rutherford fala sobre temas que consistem em inseguranças sociais e românticas, questionando os motivos por trás de determinadas ações. Honestamente, ao ouvir faixas como “Scary Love” e “Void”, e outras mais antigas como “Sweater Weather” e “Afraid”, é difícil imaginar que foram criadas pela mesma banda. Ao experimentar fortemente o electropop, The Neighborhood afastou-se do indie rock que cultivou no início da carreira.
O esforço em experimentar novas influências criou algumas faixas interessantes, mas também muitos clichês e uma crise de identidade. “Flowers” mostra a banda agarrando-se desesperadamente em tendências pop atuais. Completamente auto-tunado, os vocais estão encharcados por uma variedade de efeitos. Consequentemente, é uma faixa confusa e sem originalidade. A transição de “Flowers” para “Scary Love” reflete a incapacidade do grupo de se encontrar – e, mais importante, permanecer focada em um único som. É sombria e pesada, mas com batidas sintetizadas e paleta sonora eletrônica. Embora “Nervous” tenha um clima um pouco autoindulgente, Rutherford e companhia merecem respeito por falar sobre inseguranças. Cada um dos três versos aborda questões de autoestima. Em “Void”, eles pintam um quadro de conflitos internos, incluindo o vício em substância e a necessidade de fazer sexo. Enquanto “Softcore” abraça o dance rock com seu som eletrônico, “Blue” é ancorada por um baixo pesado e ritmo empoeirado. Tematicamente, os trabalhos da The Neighborhood refletem pouco crescimento e desenvolvimento pessoal. As músicas são quase exclusivamente downtempo com foco em dias perdidos e momentos tristes. “Sadderdaze” reflete essa tendência perfeitamente. Sua natureza temática repetitiva tem pouca longevidade.
Em seguida, “Revenge” serve como uma faixa mal-humorada sobre como o vocalista foi tratado em um relacionamento passado. Ele mostra que está chateado e quer que sua ex-namorada sinta exatamente o que ele sentiu. Apesar da performance vocal respeitável e do refrão cativante, “You Get Me So High” não vai muito longe em termos de som. Curiosamente, “Stuck with Me” parece uma transição natural de “Too Serious”. Sintetizadores são misturados com lentos instrumentos e melodias agudas, enquanto The Neighborhood tenta imitar o som de bandas inovadoras como M83. A banda californiana luta para encontrar uma identidade no seu dramático terceiro álbum. Depois de lançar três discos, onde cada um tem uma abordagem diferente, The Neighborhood parece estar cada vez mais longe de conseguir um som que os satisfaça. O grupo rompeu com o som ondulado e sensual dos dois primeiros discos e, apesar de ter algumas faixas cativantes, a maior parte do repertório carece de personalidade. Além disso, “The Neighborhood” sofre pela superprodução e subdesenvolvimento das músicas. Se a banda quiser ter sucesso no futuro, precisará se reinventar de verdade. Ao fazer isso, deve escolher um estilo e se comprometer com ele, em vez de saltar várias vezes por tendências que aparecem pela frente.