“Expectations” é um álbum insistente e desigual que aponta para ambições musicais que não consegue atingir.
Hayley Kiyoko começou com aulas de dança quando era criança e, consequentemente, o interesse pelo entretenimento a fez trabalhar como modelo e atriz. Ela apareceu em vários filmes, incluindo “Scooby-Doo!” (2009), “Lemonade Mouth: Uma Banda Diferente” (2011), “Lagoa Azul: O Despertar” (2012), “Jem and the Holograms” (2015) e “XOXO” (2016). Juntamente com seus papéis no cinema, ela também participou de algumas séries de TV, como “Os Fosters – Família Adotiva” (2014) e “CSI: Cyber” (2015). Na música, Hayley Kiyoko foi um dos membros fundadores da banda The Stunners. O grupo lançou uma série de singles e apoiou a “My World Tour” do Justin Bieber antes de se separar em 2011. Após o lançamento do single “Girls Like Girls”, o vídeo autodirigido se tornou um hit viral. Mais tarde, os singles “Sleepover”, “Feelings” e “Curious” foram lançados para acompanhar a divulgação do seu primeiro álbum de estúdio, “Expectations”. É um registro cheio do mesmo pop doce e suave dos EPs, mas muito mais cativante. Um avanço confiante para Hayley Kiyoko onde ela canta sobre seduzir e se apaixonar por mulheres. Como uma artista lésbica, Kiyoko é apelida de “Lesbian Jesus” por seus seguidores e é muito respeitada na comunidade LGBTQ+.
A ousadia da capa contrasta com as transições calmantes, faixas synth-pop, lentas baladas e personalidade da própria Kiyoko. A maioria das canções funciona com algum sintetizador, aplausos, baixo saltitante e vocais delicados. Sua confiança e atitude são os componentes mais importantes do álbum. A melhor companheira musical para ela seria provavelmente Tove Lo. Tematicamente, a sueca é mais sexualmente explícita, mas ambas compartilham um modelo musical similar. O drama começa com a curta e alegre “Expectations/Overture”, uma faixa definida por uma ressonância eletrônica que termina com chilrear de pássaros. O dance-pop “Feelings” usa um sintetizador ambiente e baixo pesado para se conectar com o ouvinte. Uma canção aveludada com um refrão deliciosamente viciante que flui sem problemas para “What I Need”. Juntamente com Kehlani, ela apresenta um número electropop refrescante com batidas rítmicas e fluxo energético. Em seguida, o tom se torna rústico e romântico à medida que “Sleepover” aparece. Ela abre com uma guitarra suave, batidas de bateria e tristes vocais que captam o anseio de Kiyoko pelo amor não correspondido.
A vulnerabilidade de “Sleepover” continua através de “Mercy/Gatekeeper”, embora seja de uma maneira mais escura. É uma odisseia de synth-pop pulsante e noturna em sua forma mais niilista. “Tudo que eu quero fazer é chorar / Isso é tudo que eu quero fazer”, ela canta. Durante um período de quase 6 minutos, o ritmo se desintegra e acaba sendo substituído por novas melodias. “Mercy/Gatekeeper” consegue mergulhar bem fundo e aborda a depressão através de letras diretas. O álbum continua misturando um devaneio sensual com um sabor pop durante “Under the Blue/Take Me In”. Com uma técnica semelhante a da faixa anterior, esta canção de duas partes passa pelos sons arejados de “Under the Blue” para o ritmo mais profundo de “Take Me In”. É uma música com sentimentos de descoberta e renascimento, além de ser sonoramente ambiciosa. A próxima faixa, “Curious”, é o pico pop do álbum. Os instrumentais e o refrão são aparentemente simples, mas a entrega é rápida e as letras bem direcionadas. O enorme sintetizador e o baixo pesado causam várias proporções dentro desta música. Inesperadamente, a curiosidade por trás da letra não é a atração inicial por alguém do mesmo sexo.
Na verdade, trata-se de ciúmes alimentados pela curiosidade, embora Kiyoko pareça totalmente indiferente em sua entrega vocal. Basicamente, ela está curiosa para saber porque sua ex-namorada está namorando com um garoto. Ela é exuberante quando brilha com seu registro superior no pré-refrão. Ademais, oferece vocais incrivelmente rítmicos durante o refrão. Apesar da exagerada repetição, o que torna o refrão interessante é como a sexualidade entra em cena. É um single divertido e um ótimo argumento para a ascensão de Hayley Kyoko. “He’ll Never Love You (HNLY)”, por sua vez, é um número vestido de R&B que mantém as vibrações dançantes do álbum. As letras sensuais falam sobre Kiyoko ser melhor para uma garota do que qualquer homem. Não se deixe enganar por sua aparência e charme adorável, esta faixa revela um lado bastante confiante de sua personalidade. A batida disco de “Palm Dreams” leva o ouvinte para um passeio nostálgico na gloriosa década de 80. Sua vibe arejada demora um pouco para se desenrolar, mas sua estética retrô é muito estilística. “Molecules” permite que ela aproveite uma onda melódica sem grandes esforços.
Desde a primeira linha há uma sensação de fraqueza em sua voz, que só progride durante o refrão apoiado por sintetizadores. O álbum encerra com “Let It Be”, mas não estamos falando sobre o clássico dos Beatles. É uma balada em câmera lenta que mais parece uma reminiscência do primeiro disco de Lana Del Rey. Suas batidas de hip hop sustentam a sensibilidade pop, conforme ela fornece vocais relativamente arredondados. Sua vibração é bastante atraente, principalmente por causa da produção moderna que retém as coisas em vez bater com instrumentos sintéticos. Como os versos e refrões são parecidos, a ponte consegue causar um maior contraste. Mas embora “Let It Be” seja bacana, é uma canção que precisaria de algo a mais para atingir algum impacto ou grandeza. Hayley Kiyoko caminha na linha entre baladas despreocupadas e faixas dançantes, usando suas habilidades vocais para manter a influência de cada gênero. No geral, o álbum não atingiu completamente as expectativas do lançamento, mas criou um bom começo para sua carreira solo. Desde os sintetizadores ambientes até os vocais comoventes, dá para perceber que cada elemento do “Expectations” foi cuidadosamente elaborado. Portanto, embora não seja um grande álbum, é um tributo tentador ao amor e auto definição.