Em janeiro, James Blake compartilhou sua primeira música em dois anos, a sombria “If the Car Beside You Move Ahead”. Nos últimos meses, ele colaborou com André 3000 em “Look Ma No Hands”, participou de uma faixa do último álbum do Jay-Z e contribuiu para a trilha sonora de “Pantera Negra”. Desde então, ele continuou extremamente ocupado; excursionou com Kendrick Lamar pela Europa e ficou supostamente trabalhando em seu próximo álbum de estúdio. Agora, Blake está de volta com um novo single, intitulado “Don’t Miss It”, que chega acompanhado de um vídeo inspirado na tela do iPhone. Na maioria das vezes, ele evitou a abrasividade, mas às vezes soa instável. Silenciosamente, a música é regida por um suave piano, apenas para ser interrompida pelo auto-tune cravejado nos vocais.
“O mundo me expulsou / Se eu der tudo, vou perder tudo”, ele canta. “Tudo é sobre mim / Eu sou o mais importante”. Uma balada melancólica e introspectiva com amostras de ópera, arranjo de piano, coral fantasmagórico e vocais distorcidos. Liricamente, fala sobre ser deixado de lado e ter que lidar com a solidão. Blake reflete sobre uma desilusão – com o mundo, com os outros e consigo mesmo. “Eu poderia ignorar minha mente ocupada / Eu poderia evitar o contato com os olhos / Eu poderia evitar sair”, ele canta. A produção reflete o minimalismo das letras e apresenta oscilações no piano. Blake se afasta dos problemas do mundo e resolve permanecer fechado – um aviso brutal para nós e uma mensagem para ele próprio. Sua complexidade, para melhor ou pior, vem da forma como ele brinca com sua voz. As experimentações não são novas, mas podem te surpreender. Embora seja difícil negar a beleza de “Don’t Miss It”, talvez James Blake esteja precisando manter sua mente ocupada, para não cair em uma profunda tristeza.