Como sempre, Taylor Swift sabe exatamente qual frase usar para agarrar o ouvinte e colocá-lo dentro de suas narrativas.
Lançado em 22 de outubro de 2012, “Red” é o quarto álbum de estúdio da Taylor Swift. O título foi inspirado pelas relações tóxicas que ela experimentou durante o processo de gravação. Swift descreveu seus sentimentos como “emoções vermelhas” devido à sua condição intensa e tumultuada. Esse álbum explora temas exclusivos sobre o amor e desgosto, mas de uma perspectiva muito mais madura. Ademais, o conteúdo lírico também aborda a fama e pressão que ela sofre por estar no centro das atenções. “Red” é o primeiro disco experimental da Taylor Swift, uma vez que apresenta novos gêneros musicais. É também o seu primeiro trabalho com produção dos hitmakers Max Martin e Shellback. Mas além deles, o álbum conta com colaboradores de longa data, como Scott Borchetta e Nathan Chapman. “Red” estreou no número #1 da Billboard 200 com 1,2 milhões de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos. Pode-se dizer que é a oferta mais eclética que ela lançou até à data. Embora apresente bandolins, banjos e violões, é, em muitos aspectos, o seu primeiro álbum pop. Além disso, possui percussões pré-programadas e batidas de dubstep. Foi a primeira indicação que ela iria definitivamente para a música pop, algo concretizado com o “1989” (2014).
“Red” é um disco incrivelmente coeso – apresentado como uma narrativa cronológica que traça a ascensão e o término de um relacionamento. Em seu lirismo também há arrependimentos, recuperação subsequente e o amor redescoberto. Os principais personagens são Jake Gyllenhaal, Conor Kennedy e possivelmente Harry Styles. Tal como acontece com seus álbuns anteriores, “Red” apresenta melodias e letras complicadas intercaladas com números mais otimistas. E isso é o que Taylor Swift faz de melhor. Ela conseguiu mesclar músicas cativantes, como “You Belong with Me” e “Mean”, com faixas extremamente emocionais, como “Fifteen” e “Dear John”. Com vários Grammy Awards e singles de sucesso em seu currículo, Swift sempre sabe o que está fazendo. Quem gosta dos seus primeiros três álbuns devem ter notado algumas diferenças e novidades no “Red”. Mas certamente, terão a mesma facilidade para gostar do seu repertório. A faixa de abertura, “State of Grace”, mostra sua maturidade sob letras surpreendentemente honestas. Musicalmente, é um inesperado rock alternativo com elementos de country. Seu som mais amplo é aplicado sobre gigantes tambores e guitarras rítmicas. Aparentemente, a julgar pelas letras, ela fala sobre o seu namoro com o ator Jake Gyllenhaal.
Lançada como single promocional, “Red” é um número country que resume a dor e paixão da Taylor Swift. Embora o tema se torne um pouco repetitivo à medida que o álbum progride, é um ótima música uptempo. É uma canção que usa cores e metáforas para descrever um relacionamento complicado. O refrão depende muito de uma pontuação eletrônica – um detalhe inerentemente cativante. “Treacherous”, produzida por Dan Wilson, é outra oferta country sobre se apaixonar mesmo quando se sabe dos riscos. Os licks de guitarra e a percussão são consistentes, ao passo que os vocais estão mais suaves e sensuais. “I Knew You Were Trouble” é particularmente a faixa mais radiofônica do álbum – um electropop e viciante e dominante produzido por Max Martin e Shellback. Swift nunca tinha ficado tão longe do country como nas batidas eletrônicas e cantos filtrados de “I Knew You Were Trouble”. Liricamente, é outra faixa que aborda sua vida amorosa, mas as letras são ofuscadas pelo seu pisoteado eletrizante. Inicialmente, “I Knew You Were Trouble” começa como uma típica música de pop rock com sons de guitarra e letras que descrevem um romance.
À medida que progride, ela muda de direção e oferece uma instrumentação formada por baixo, teclado, guitarra elétrica e potentes batidas de dubstep. Em seguida, “All Too Well” retorna para o território familiar da Taylor Swift. Uma canção country com elementos de soft rock que olha para os momentos delicados de um namoro depois que ele terminou. Com vocais maravilhosamente agridoces, a primeira balada tradicional do álbum. “Então você me liga de novo / Só para me quebrar, como uma promessa / Tão casualmente cruel, sob o pretexto de ser honesto”, ela canta de forma deprimente. “22”, também produzida por Max Martin, é outra canção pop com refrão apaixonante e radio-friendly. Debaixo da grande positividade e produção brilhante, Swift fala sobre como se sentia aos 22 anos de idade. Ao contrário de grande parte do repertório, “22” possui letras simplistas e extremamente divertidas. Consequentemente, não se encaixa tão bem no “Red” – um álbum com grande crescimento e maturidade. De volta ao território country temos “I Almost Do”, canção acústica guiada por violões e letras dolorosas. É um bom acompanhamento para “All Too Well”, em termos de estilo e conteúdo. Dessa vez, Swift canta sobre a tentação de voltar com um ex-namorado.
O primeiro single do álbum, “We Are Never Ever Getting Back Together”, foi sua primeira canção a atingir o topo da Billboard Hot 100. Em sua primeira semana, vendeu 623 mil cópias nos Estados Unidos – um recorde que viria a ser quebrado em 2015 por “Hello”, da Adele. Uma canção dance-pop que combina o apelo inocente da Taylor Swift com a produção cativante do Max Martin. Nessa canção, ela está demasiadamente confiante, principalmente em termos de humor e linguagem. Sonoramente, possui uma produção eletrônica pesada com guitarras acústicas, sintetizadores e bateria eletrônica. “Stay Stay Stay” é uma oferta alegre, doce e animada, apesar das letras mostrarem uma pessoa desesperada para salvar o namoro. Assim como “22”, é outro momento de positividade. Instrumentalmente, ela oferece sons de bandolim, baixo e handlclaps. “The Last Time” apresenta Gary Lightbody da Snow Patrol. Uma música de rock alternativo e folk rock tipicamente deprimente e temperamental com um dramático arranjo de cordas. Foi produzida por Jacknife Lee, que é mais conhecido por trabalhar com o U2 e a Snow Patrol. Liricamente, descreve um namoro como um ciclo vicioso de dor e perdão.
A partir de “Holy Ground”, o álbum acena fortemente para os seus discos anteriores. “Sad Beautiful Tragic”, por exemplo, não mostra a mesma inovação da primeira metade do repertório. Uma canção de amor triste conduzida por uma lenta guitarra acústica. Não é tão articulada, visto que o refrão envolve principalmente as três palavras do título. “The Lucky One”, outra produção de Jeff Bhasker, também se apoia fortemente na percussão. Dessa vez, ela fala sobre os perigos e as dificuldades da fama. As letras não são tão envolventes, mas eu adorei o tom de sua voz. “Everything Has Changed”, por sua vez, é um dueto com Ed Sheeran – uma balada dirigida pelo violão que combina os gêneros folk e pop. Liricamente, ambos cantam sobre o impacto que um novo romance causa em sua vida. Presumivelmente, Swift escreveu essa música para Conor Kennedy, o seu namorado na época. Tematicamente, é Taylor Swift no seu território mais familiar e clichê – mas não deixa de ser uma peça adorável. “Starlight” é liricamente uma reminiscência de “Holy Ground” – uma faixa agradável que fala sobre passar uma noite perfeita com o seu namorado.
Pode ser classificada como o equivalente a “Love Story” e “Mine”, por causa de sua melodia dançante e letra apaixonada. A última canção é certamente uma das melhores de sua carreira. Para um álbum tão longo, é interessante saber que ela colocou uma das melhores faixas no final. Com tantas músicas focadas em relacionamentos ruins, “Begin Again” finaliza o disco com uma nota otimista. Ela fala sobre se apaixonar novamente, depois de um relacionamento que não deu certo. E mesmo relembrando sobre um namoro que deu errado, as letras a encontra pronta para deixar o passado para trás e seguir em frente. “E pela primeira vez, o que passou passou”, ela canta conforme um suposto novo amor afasta as más lembranças. Poderia ser uma canção brega, mas as letras incluem observações consideravelmente interessantes que se desviam de qualquer clichê. Musicalmente, é uma linda balada country que finaliza o álbum com uma nota excepcionalmente memorável. Eu sou um grande fã desse álbum, apesar de ser muito longo. Algumas faixas levam tempo para crescer em você, mas quando isso acontece, ficam presas na sua cabeça. Taylor Swift é uma compositora extremamente talentosa e conseguiu encontrar o equilíbrio perfeito no “Red”.