O novo álbum do Devonté Hynes, aka Blood Orange, foi lançado exatamente hoje – “Negro Swan” é o sucessor do “Fleetown Sound” (2016), um dos melhores álbuns da década. A faixa que mais me chamou atenção quando eu ouvi o disco pela primeira vez foi “Nappy Wonder”. Com sua atmosfera deliciosamente amarga, essa música representa perfeitamente a direção tomada por Dev Hynes neste quarto álbum. É o seu registro mais obscuro – uma experiência distinta daquela apresentada no seu trabalho anterior. Não há ganchos brilhantes, em vez disso temos peças contemporâneas como a empolgante “Nappy Wonder”. À medida que ouvimos esta canção, ficamos espantados com a crueldade do preconceito. Dev Hynes confronta seus medos e inevitavelmente se lembra de dias dolorosos. No entanto, toda vez que sua depressão surge, ele encontra uma forma de se manter esperançoso.
Ao desenhar linhas de conexão através da música negra, Hynes nos fornece um princípio unificador: a transfiguração da alegria em dor, e o otimismo da aparente desesperança. “Os sentimentos nunca tiveram ética”, ele canta ao reduzir os sons da guitarra com seus falsetes. É quase como se o volume de sua voz aumentasse à medida que ele repete essa linha. Essa frase é recorrente e constrói uma desconexão natural entre como você sente e como você foi educado para se sentir diante do preconceito. “Nappy Wonder” é uma canção emocionalmente carregada que apresenta a violoncelista Kelsey Lu. Uma peça de soul e R&B, onde Dev Hynes mostra suas proezas e talento como produtor. Ele fornece um piano sonhador intercalado com guitarras e uma bateria gritante que faz você querer dançar. Ademais, a música termina com um solo jazzístico que soa tudo, menos pretensioso. O riff de guitarra e os acordes do teclado conseguem criar uma paisagem sonora perfeita para ele expor seus pensamentos. Aqui, Blood Orange enfatiza sua mensagem de amor próprio, tenta buscar equilíbrio e ser quem realmente ele é. Foi a forma que ele encontrou para falar sobre momentos libertadores. A construção de “Nappy Wonder” é lenta e enigmática, mas igualmente encantadora e flexível.