Depois de cinco anos, Karol Conká finalmente lançou um novo álbum – “Ambulante” possui letras que falam sobre sexo, amor, racismo, empoderamento, militância, superação e desapego, enquanto passeia por gêneros que vão do hip hop ao synth-pop. Ela está mais madura e continua tão talentosa como sempre. Conká sabe como levar sua mensagem para o público e surpreende pelo fluxo, rimas e canto. Mesmo transitando por diferentes gêneros musicais, ela não perdeu sua essência e acidez. A curitibana encontrou novas formas de expor sua opinião, mas os pensamentos são os mesmos. Produzido por Boss In Drama, o álbum possui dez faixas no total – é o primeiro projeto da Karol Conká em parceria com a Sony Music. Destaque para a arte da capa, que traz a artista envolta de várias fitas do senhor do Bonfim. Certamente, “Saudade” é a música que mais chamou minha atenção e de grande parte do público.
Uma peça surpreendentemente agradável inspirada pelo reggae. Este gênero não é novo para Karol Conká, mas ela soube explorá-lo de um jeito novo. Aqui, você pode pode perceber que, além de uma ótima rapper, ela sabe cantar. Sua voz está doce e emotiva, mas com a mesma força que estamos acostumados a ouvir. Liricamente, ela confessa que está com muitas saudades do ex-namorado – uma dor que ainda não foi superada. “E eu que sempre achei que nosso lance ia durar”, ela diz no primeiro verso. A melodia cintilante nos guia até o refrão, momento onde ela completa: “Saudade de nós em baixo dos lençóis, que delícia nós / Vejo que não tem nós, só queria mais / Não da para voltar atrás e eu já não fico em paz / Saudade dói”. O violão abre a música, um pouco antes da bateria entrar abruptamente. Os riffs e os tambores acompanham os vocais, enquanto o sintetizador pinta o pano de fundo. No final do refrão, o trompete é usado como adorno, ao passo que ela não deixa a melancolia das letras desaparecer. Sonoramente falando, “Saudade” é uma canção nova para o repertório da Karol Conká. Há uma sensação agridoce e nostálgica que casou perfeitamente com o sentimentalismo das letras.