Em “Capacity”, o novo single da banda Charly Bliss, o ritmo da guitarra diminui em favor de uma graciosa meditação synth-pop. “Ressuscitou do porão / Estou na capacidade”, Eva Hendricks canta, comemorando simultaneamente uma vida inteira de desgaste. “Estou derramando fora de mim / Profanada e complacente”. Agradar as pessoas é dificilmente o ato mais altruísta; colocar os outros à sua frente pode levar à falta de respeito com você mesmo. No entanto, Hendricks traça uma linha sob suas tendências altruístas, a fim de acabar com isso de uma vez por todas. Graças à ponte agitada, se tornou algo profundamente necessário em nossa modernidade: uma música sobre terminar com o esgotamento.
Aqui, o indie rock açucarado do “Guppy” (2017) é deixado de lado. “Capacity” é um synth-pop pesado em sua percussão, além de fornecer sintetizadores e guitarras como pano de fundo. É mais pop do que qualquer coisa que o Charly Bliss fez antes – mas suas letras continuam mordazes e perspicazes. Hendricks está no centro do palco, sobrecarregada pela pressão de ser boa em tudo, em nome de todos da banda. No videoclipe, dirigido por Michelle Zauner, do Japanese Breakfast, ela reflete com um olhar cínico, enquanto ajuda seus colegas de banda a roubar um banco. Afinal, este não era o plano dela; ela é uma pessoa que agrada as pessoas desde a infância. “Fui criada como uma bruxa da Costa Leste / Não fazendo nada sacrílego / Horas extras triplas ambiciosas / Sentimental, criança ansiosa”, ela canta. Mas percebe: “Às vezes nada é delicioso”. Com essas palavras, Charly Bliss propõe um antídoto para a geração exausta: foque nos seus impulsos, perdoe a si mesmo e aceite o seu futuro. “Capacity” oscila à beira das complexidades de querer salvar os outros, e o reflexo das falhas de Eva Hendricks, enquanto ela monta em cima de teclas brilhantes.