Esse álbum destaca a química de músicos talentosos, dada as habilidades de James Murphy no estúdio.
Há três covers no “Electric Lady Sessions” – um de “Seconds” da Human League, outro de “I Want Your Love” do Chic, e um de “(We Don’t Need This) Fascist Groove Thang” da Heaven 17. Intercalados entre materiais novos e antigos, elas atuam como homenagens às bandas que influenciaram o som do LCD Soundsystem – minúsculas peças espalhadas entre as lembranças do grupo liderado por James Murphy. Apesar de consistentemente e inseparavelmente entrelaçados com o passado, “Electric Lady Sessions” apresenta uma quantidade impressionante de novidades – evitando qualquer coisa desde sua estreia. Este registro brilha lindamente e serve como uma afirmação para os pessimistas e críticos de que a banda continua se destacando através de uma estranheza musical. Eles se reuniram no lendário estúdio de Nova York, a fim de dar uma nova vida para músicas antigas. Embora eles soem basicamente os mesmos, conseguem transmitir uma energia revitalizada. Tal como acontece com “London Sessions” (2010), este álbum capta perfeitamente os detalhes dos shows ao vivo do LCD Soundsystem.
Além disso, transmite uma experiência fundamentalmente diferente de uma versão gravada em estúdio. O “Electric Lady Sessions” captura o som irregular tão bem quanto a resplandecente reflexão das letras e os sintetizadores dançantes pelos quais eles são tão conhecidos. No cenário ao vivo, a banda soa maior, mais dinâmica, analógica e tocável do que em qualquer outro lugar. Mas não há público aqui, nenhuma massa de pessoas cantando junto com James Murphy como em “The Long Goodbye: LCD Soundsystem Live at Madison Square Garden” (2014). Há apenas a banda que excursionou atrás do formidável “american dream” (2017), o álbum que acabou com o hiato auto imposto pelo LCD Soundsystem. Cada música tem um par de dimensões extras adicionadas à sua estrutura – “Emotional Haircut” soa mais alta e punitiva, e “Get Innocuous!” mais cavernosa, enquanto os sintetizadores decadentes de “Oh Baby” parecem mais titânicos e suntuosos – mudanças leves, mas igualmente recompensadoras quando comparadas com as respectivas versões de estúdio.
Na primeira citada, a banda combina os elementos originais do Talking Heads com a emoção vital do U2, antes de ficar preso em uma atmosfera desimpedida. A fantástica trilogia de “Tonite” até “I Want Your Love” rivaliza facilmente com o trecho de “Tribulations”, “Movement” e “Yeah (Crass Version)” do anteriormente citado “The Long Goodbye: LCD Soundsystem Live at Madison Square Garden” (2014) – o ritmo se desliga de faixa para faixa e fornece um mecanismo de sincronicidade incrivelmente apertado. Apreciar a qualidade estética desse álbum parece uma parte necessária do processo. Eu tenho que admitir o quanto eu adoro os vocais apaixonados do James Murphy, a guitarra arranhada do Al Doyle e o sumptuoso baixo do Tyler Pope. “Electric Lady Sessions” é um álbum realmente fenomenal. Minhas palavras são quase inúteis para avaliar a qualidade real dessa banda. Nos últimos 17 anos, o LCD Soundsystem serviu como um vaso brilhante para as neuroses de um cara, entrelaçando linhas sobre envelhecimento, tédio e auto aversão em teias complexas de batidas disco e linhas de baixo new wave.
Como o LCD Soundsystem toca dance music, brincando com elementos de disco e house e new wave, eles estão sempre em diálogo com suas próprias interações. Ao vivo, o LCD Soundsystem funciona como uma comuna descentralizada, Murphy é um líder competente, porém relutante. Ele normalmente não toca instrumentos no palco; na maioria das vezes, está apenas negociando com o microfone, servindo como interlocutor entre a banda e o público, e suavizando a barreira entre os dois. Gravada no famoso estúdio de Nova York de mesmo nome, esta sessão captura um momento de química entre colaboradores de longa data que parecem animados por tocarem juntos novamente. Aqui, os sintetizadores funcionam de forma suculenta; o baixo parece que pode te derrubar se você ficar muito perto; a bateria surge cada vez mais rápida e afiada. James Murphy escorrega de seu trono e se dissolve junto com o grupo. O repertório formado por doze faixas possui apenas versões ao vivo de músicas que já existiam. No entanto, são canções tão ressonantes que produzem os mesmos sentimentos várias vezes, independentemente do seu tempo, lugar ou programação.
Quando você lança um álbum ao vivo, corre o risco de ser negligenciado e completamente ignorado pela imprensa. Álbuns ao vivo costumavam ser uma coisa a mais que você tem para oferecer, além do que é produzido atrás das portas de um estúdio. Você pode não saber, mas o LCD Soundsystem possui outros registros ao vivo. No entanto, esse é o primeiro desde que eles lançaram sua despedida sensacional no Madison Square Garden cinco anos atrás. Além das novas versões de “Tonite” e “Call the Police”, o que distingue as sessões do “Electric Lady Sessions” do seu típico lançamento ao vivo, é que eles colocaram suas maiores influências no repertório. De Heaven 17 até Human League há um aceno para Nile Rogers e Bernard Edwards através do clássico “I Want Your Love”. O LCD Soundsystem trata esse disco como um set de DJs misturando suas músicas favoritas com seus melhores covers. “Electric Lady Sessions” é uma cápsula do tempo que contém novos lançamentos sobre algumas das faixas mais emblemáticas da banda. O álbum mostra tudo o que o LCD Soundsystem dominou em seus últimos anos e faz com que seja um tempo de audição emocionante e aventureiro.