Em “Europa”, Diplo resolveu procurar rappers europeus e africanos para ajudá-lo a encontrar algum inspiração.
Desde que produziu para Usher, Beyoncé e Madonna, para citar alguns, sendo responsável por trazer M.I.A. para o centro das atenções com a inovadora “Paper Planes”, Diplo fez seu nome como artista solo. Mas ele também faz parte de vários grupos, como Jack Ü, LSD e Silk City. O mais notável, no entanto, é sua colaboração com Jillionaire e Walshy Fire como um terço do Major Lazer, conhecido principalmente pelo hit “Lean On”. Seu currículo é interminável e invejável, enquanto ele pula de um projeto para outro como mentor. Sua abordagem universal faz dele um dos principais DJs do cenário EDM. Ele divide seu mundo em diferentes campos e, sempre que possível, cava outros gêneros musicais. Muito parecido com a criação de seu nome artístico – abreviação de Diplodocus – ligada à sua fascinação infantil por dinossauros, ele sempre coloca sua criatividade no processo. Um ano depois de lançar o EP “California” (2018), uma ode à sua casa, Diplo decidiu criar um tipo de sucessor, intitulado “Europa”.
Um EP com seis faixas que explora o que alguns talentos europeus têm a oferecer, ou para ser exato, quatro países em particular: Reino Unido, Holanda, França e Alemanha. “Europa” é uma carta de amor para o continente onde Diplo começou a trabalhar como DJ e produtor. Uma coleção que se distancia do seu corriqueiro mashup energético. Na verdade, Diplo optou por colaborar com Octavian e outros nomes menos conhecidos, como Niska, Bausa, Ramiks, a fim de criar uma experiência auditiva singular. No entanto, a produção não foi cuidadosamente elaborada e parece semelhante a vários álbuns genéricos de EDM e trap. Embora a ramificação e exploração de diferentes gêneros seja certamente admirável, mata qualquer coesão. Carregado por fillers, o EP é um mal suportável com faixas produzidas às pressas tão esquecíveis quanto superficiais. A faixa de abertura, “New Shapes”, fornece uma fraca tentativa de agarrar sua atenção com um som reciclado e letras dignas de constrangimento. O rapper britânico Octavian canta incoerentemente sobre uma batida indolente para os padrões do Diplo.
Barreiras linguísticas são quebradas quando o álbum muda do inglês para o francês em “Boom Bye Bye” – uma música que nos acaricia com teclas exuberantes e percussões endurecidas. A batida downtempo faz com que o ouvinte se familiarize, antes que os vocais sejam inspirados pelo dancehall do Diplo. Infelizmente, é tão entediante que você mal se lembra do fluxo narcótico do Niska. O EP dá um mergulho maior com a inacreditável “Dip Raar” – embora a contribuição dos holandeses Bizzey e Ramiks seja sonolenta e entediante, a batida é levemente tolerável. Além das cordas de guitarra serem nostálgicas, os arranhões acústicos acrescentam uma sensação urbana. Em seguida, “Baui Coupé” bate rapidamente quando o alemão Bausa canta sobre oferecer um lugar no banco de trás do seu carro para uma mulher – é uma peça contagiante com batidas de hip hop. A influência do Metro Boomin na produção de “Oh Maria” é impressionantemente evidente. Uma batida de trap polida e refinada paira sobre a melodia de flauta e o baixo inteligente. A contribuição entusiasta de Soolking é totalmente ofuscada pela produção. O rapper, que originalmente vem da Argélia, fala francês com sabores bem distintos.
Por fim, Diplo encerra o álbum com o fluxo tropical de “Mira Mira”. Ao lado do britânico IAMDDB, ele fornece vibrações à la Rihanna e fortes tons de reggaeton. Os acordes são intrigantes, o sintetizador essencial, o baixo sensual e a entrega do IAMDDB reveladora. Enquanto Diplo é conhecido por experimentar qualquer campo sonoro, “Europa” pode ser visto como um projeto paralelo que busca explicitamente por artistas que possuem uma sensação underground. É exatamente assim que o EP dele se parece e soa – um som europeu urbano misturado com sons de hip hop, dance e pop, e alguns toques sulistas aqui e ali. O EP possui uma sensação orgânica e entra em lugares escondidos de metrópoles da Europa, como os subterrâneos de Paris e Berlim, os coffeeshops de Amsterdã e os mercados do subúrbio de Londres. Em contrapartida, o estilo eletrônico carrega elementos muito típicos. Consequentemente, as músicas não funcionam em conjunto e peca pela falta de criatividade – uma das principais características do Diplo como produtor. Dito isto, prefiro esperar para ver qual será o seu próximo passo, em vez de escutar esse EP novamente.