Vinte anos depois, Dido sabe no que ela é boa, mesmo aprendendo alguns novos truques.
A britânica Dido desfrutou de uma grande conquista nos Estados Unidos antes mesmo de encontrar sucesso no Reino Unido. Seu single de estreia, “Here with Me”, foi usado como tema da série “Arquivo Roswell” no final dos anos 90 e “Thank You” foi testada por Eminem na icônica “Stan”. O sucesso de ambas músicas impulsionou o seu álbum de estreia, “No Angel” (1999), com vendas estimadas em 21 milhões em todo o mundo – consolidando-a como uma das maiores estrelas da época. O álbum seguinte, “Life For Rent” (2003), provou ser outro grande sucesso ao vender mais de 13 milhões de cópias – das quais 2,8 milhões foram apenas no Reino Unido. Aparentemente imparável, Dido tropeçou com o lançamento dos dois álbuns seguintes, “Safe Trip Home” (2008) e “Girl Who Got Away” (2013). Ambos discos não conseguiram alcançar o sucesso comercial dos dois primeiros e não captaram a mesma vibe contagiante do passado. Depois de seis anos afastada da indústria, Dido se uniu com seu irmão Rollo Armstrong para criar o “Still On My Mind”. No teaser do álbum, as faixas soaram como um retorno à forma.
Ele encapsula uma variedade de estilos e gêneros, desde o seu amor pelo hip hop até suas raízes folk; mas em última análise, todo o repertório traz uma sensação dance e eletrônica, mesmo nas faixas que não possuem batidas. No núcleo, são as músicas que captam a bela essência da Dido, pessoal e emocionalmente. Ela descreveu a produção como “uma experiência absolutamente mágica. Eu queria capturar a sensação que ainda tenho de ouvir música, só que assim como você não preciso de nada além disso”. A primeira amostra revelada foi “Hurricanes”, uma peça inicialmente folk e acústica que, mais tarde, entra em uma direção eletrônica influenciada pelo hip hop. É nessas horas que a Dido realmente se eleva. Sua voz funciona tão bem sobre batidas assim – foi essa qualidade etérea que ela capturou tão bem em 1999. Com mais de 5 minutos de duração, é o tipo de música que você pode se perder e apreciar a produção. O primeiro single, “Give You Up”, apresenta um arranjo de piano bastante simples, mas igualmente majestoso, onde ela usa seu registro padrão sob uma melancolia branda.
Os vocais foram propositalmente colocados em camadas, enquanto ela é apoiada por outros backing vocals. Temos Dido no seu melhor, e é simplesmente arrepiante. Posteriormente, ela continua jogando com seus pontos fortes e as músicas certamente impressionam. “Hell After This” é um pouco diferente, mas também funciona muito bem. Menos muitas vezes é mais, o minimalismo realmente combina com ela. Um destaque a parte é a pulsante “Take You Home” – uma pequena reminiscência de “Take My Hand” – com sua urgência silenciosa que imediatamente penetra em seu cérebro. “Mad Love” brisa ao lado de vocais em camadas, além de batidas cativantes e sons eletrônicos. Pode ser uma das faixas mais curtas do álbum, mas é uma das melhores. Em outra parte do registro, as batidas de hip hop estão em primeiro plano, como apresentado na faixa-título. “Walking By”, por sua vez, é uma balada de piano discreta, enquanto “Friends” apresenta uma paisagem sonhadora que ameaça se transformar em um banger eletrônico.
O álbum chega ao fim com “Have to Stay”, uma música sobre o filho da Dido. É uma canção dirigida principalmente pelos vocais, com uma instrumentação tão sutil que você seria perdoado por não perceber que ela está lá. “Still On My Mind” se sentará orgulhosamente ao lado do “No Angel” (1999) e “Life for Rent” (2003) como um dos melhores álbuns da Dido. É superior a tudo o que ela fez desde então e lembra do por que você se apaixonou por sua linda voz em primeiro lugar. Às vezes, muito subestimado, em outros, musicalmente aventureiro e interessante, “Still on My Mind” é o retorno à forma que o público estava esperando. Suave e lentamente desfraldado, é, de maneiras boas e ruins, Dido por excelência. Seu irmão mais velho preferiu uma produção sedosa e, mesmo quando o álbum tenta se tornar mais entusiasmado, continua implacavelmente educado. Mais importante ainda, Dido não perdeu a voz, e isso transparece claramente neste LP. Ela ainda tem aquele toque íntimo e emocional que nos envolve com tanta facilidade.