O vídeo de Holly Herndon para a vertiginosa “Eternal” segue a jornada solitária de uma máquina, enquanto ela analisa e se conecta a um rosto humano. É embaçado e desorientador: uma colagem de olhos, ouvidos e bocas se materializando na frente da câmera. É a trilha sonora mais direta que Herndon já compôs. “Bem na frente dos meus olhos”, um coral canta lentamente em uníssono. O processo de Holly Herndon envolve filtrar as experiências humanas através de um labirinto de tecnologia moderna. Para “Eternal”, ela desenvolveu uma inteligência artificial chamada “Spawn”, através do qual alimenta amostras de seus próprios vocais para fornecer representações alienígenas de si mesma. Em seu single anterior, “Godmother”, em colaboração com Jlin, o resultado foi completamente abstrato – uma espiral de mosquitos zumbindo sob respirações ofegantes que, no vídeo, culminaram em dois artistas caindo na gargalhada. Em “Eternal”, Herndon ainda está admirada por uma máquina desconhecida, aprendendo suas características definidoras e traçando um padrão específico.
Só que agora, você pode vê-la mais claramente do que nunca. Os vocais e a bateria quadriculada dos anos 80 se assemelham ao art pop da banda Yeasayer. No entanto, sua construção é de uma faixa tradicional: letras sobre o amor e um refrão incrivelmente melódico. Ao lado de tambores e punhaladas sinfônicas, não há tempo para discernir o processamento vocal humano das réplicas desumanas. Em vez disso, o conjunto se torna exatamente isso, uma voz comunitária desinteressada em suas fontes individuais, seguindo fielmente sua direção conceitual. “Eternal” é uma música tribal que atinge o equilíbrio entre os contrastes do ser e da máquina. Ademais, há efeitos transcendentais e vocais manipulados perfurando a massa irregular da percussão e do sintetizador.