A última música do novo álbum de Weyes Blood, “Movies”, abre com seu mezzo-soprano: “É assim que se sente ao se apaixonar”. Natalie Mering soa tão emocionada que não se trata apenas de uma simples história, mas um monólogo arrebatador para si mesma – completamente indiferente ao melodrama e clichê. Ela se desdobra gradualmente – primeiro como uma presença íntima, cantando contra um teclado analógico em loop cujas raízes estão na década de 70. “O significado da vida não parece brilhar como essa tela”, ela canta. É assim que Mering se sente ao estrelar seu próprio filme: ansiosa e esperançosa. Ela quer estar em sua própria obra: “Quero estar no meu próprio filme, quero ser a minha estrela”. “Movies” permanece no auge dos seus sentimentos, onde não há ar, apenas uma mistura estonteante de pensamentos e memórias. Por trás de sua voz esbelta, há um passeio de sintetizador. No meio do caminho, ele desaparece e o violoncelo surge quando a música se torna cinco vezes maior – praticamente sai do fone de ouvido e ganha vida própria. “Movies” é outra paisagem aquática e sintética que celebra a glória do cinema e denuncia sua loucura. Ao longo da gelada linha de teclado, ela canta sobre a desapropriação de sua própria vida e quer habitar em uma narrativa tão significativa quanto um filme. No videoclipe, ela flutua assustadoramente debaixo d’água com uma peruca loira, navegando em correntes que seu público nunca poderá nadar.
Review: Weyes Blood – Movies
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