Dificilmente um título de uma música se encaixa tão bem, mas “Patience” tem sido a palavra-chave na vida dos fãs do Tame Impala nos últimos quatro anos. O novo single do projeto de Kevin Parker, é possivelmente influenciado por seu tempo ao lado do Mark Ronson. “Patience” combina uma onda disco dos anos 70 com influências de house dos anos 90 e o rock psicodélico que sempre esteve presente em sua vida. Além disso, há uma mistura de vocais característicos com sons distorcidos do “Lonerism” (2012) e a sensação pop do “Currents” (2015). O piano fácil, os floreios de guitarra e as leves batidas fazem você viajar por pensamentos nostálgicos. As letras ambíguas vêem Parker contemplando os ciclos da vida, cantando que ele está “crescendo em etapas, vivendo a vida em fases”. O lirismo irônico que apimenta a canção não é exatamente uma novidade para o Tame Impala. Ele brinca com o tempo de uma maneira tradicionalmente ambígua e divertida.
Ao refletir sobre coisas assim, ele questiona sua carreira e relacionamentos, e encontra consolo no fato de que está apenas vivendo sua vida em fases. Assim que você reproduz “Patience”, uma brilhante progressão de acordes e cintilantes teclas se instalam em sua mente. De repente, a canção se divide de um lado para o outro, enquanto uma conga sincopada é acrescentada sobre a psicodelia do Kevin Parker. É como uma dança eufórica sob uma bola de discoteca, enquanto um piano se estende pela bateria funky e mantém seus pés em movimento. Normalmente, a paisagem sonora de uma música leva consideravelmente menos tempo para digerir do que o conteúdo lírico.
Parker demonstrou mais uma vez que tem a capacidade de usar diferentes influências musicais e integrá-las perfeitamente em suas músicas. “Patience” é primariamente transmitida por acordes de piano sustentados por uma variedade de elementos de percussão – incluindo as congas que também aparecem na arte da capa. Mas além disso, no decorrer da música, Parker usa de forma notável um sintetizador caleidoscópico. O que mais chama atenção nesse single, no entanto, é como o conteúdo lírico reflete na sua jornada pessoal. Parker projetou essa canção como uma espécie de auditoria emocional. De fato, parece uma atualização sobre seu crescimento artístico. Mas apesar das questões existenciais que ele tenta responder, “Patience” é um single esperançoso. Dito isto, a linha de piano saltitante, nítida bateria e os sintetizadores rodopiantes entram e saem, preenchendo maravilhosamente os 5 minutos de duração. Não é uma reinvenção ou um passo ousado, mas cumpre com o objetivo. Resumidamente, “Patience” contém as sensibilidades synth-pop do “Currents” (2015) combinadas com o som caleidoscópico do “Lonerism” (2012). É uma peça que vai parecer um pouco familiar se você é fã do Tame Impala, mas quem se importa quando soa tão sublime?