A nova música do Modest Mouse, “Poison the Well”, é o primeiro lançamento da banda desde o “Strangers to Ourselves” (2015). Em menos de 2 minutos e meio, ela apresenta um som angular de indie rock, ao lado de um canto incrivelmente rosnante – Isaac Brock continua sendo uma das vozes mais polarizadoras do rock alternativo (sempre há um veneno escondido em seus vocais). Sonoramente, é o Modest Mouse no seu momento mais refinado e coeso. As linhas de guitarra exalam uma confiança picante, assim como um sorriso de desprezo no rosto de um guarda de prisão. Texturas verdes em turbilhão evocam imagens de ganância e águas envenenadas. Dito isto, “Poison the Well” prova que o Modest Mouse se manteve atualizado em rádios alternativas.
Ela está tão cheia de distorções e batidas amplificadas que parece um teste para sua próxima turnê com o Black Keys. Uma música repleta de reflexões sombrias sobre um sistema indiferente e insensível: “Fabricantes de medicamentos que estão tentando nos matar / Eles sabem como nos curar, mas apostam que isso é ruim para os negócios”. Sua indignação combina perfeitamente com Isaac Brock. “Poison the Well” é mais compacta e animada do que qualquer coisa do “Strangers to Ourselves” (2015). Se as letras parecem pertinentes, é porque são. Aqui, a banda se apodera de um profundo sentimento e lhe dá forma. Em uma perspectiva diferente, seria um momento de exaustão, mas “Poison The Well” pressiona a ferida. Uma trégua seria imerecida, então a música continua, quase insistindo – sem descanso, até que algo mude. Desde “Float On”, o Modest Mouse se esforça para expressar seu cinismo sem sacrificar o apelo em massa. E dessa vez, alcançaram um equilíbrio interessante.