Charly Bliss é uma banda incomparável em empacotar dúvidas e angústias em músicas cheias de açúcar – e “Hard to Believe” não é exceção. Os dois singles anteriores do seu próximo álbum, “Young Enough”, apresentaram uma produção mais definida pela forte presença de sintetizadores. “Hard to Believe”, no entanto, é uma injeção direta do rock alternativo que fez seu álbum de estreia tão delicioso, mesmo quando atolado em momentos dolorosos. Ela tem um senso de catarse semelhante, ao passo que Eva Hendricks tenta, sem sucesso, terminar com um parceiro tóxico em meio a divertidas guitarras. “Não posso aceitar que você vá embora”, ela canta, apenas para completar com “não posso fingir que preciso disso”.
Entretanto, é uma das músicas mais atraentes que a banda escreveu: há um paradoxo peculiar, inerente à sua narrativa subjacente. Às vezes, o que está errado pode ter a ilusão de parecer completamente certo. Assim como outros artistas independentes, Charly Bliss rejeita a noção de que temas obscuros devem ser espelhados por tons sombrios. “Hard to Believe”, por exemplo, transforma a luta para terminar com um namorado em um power pop saltitante. Contra um implacável riff de guitarra, Hendricks enfrenta um conflito romântico que permanece perversamente atraente, apesar da dor inegável. “Estou beijando qualquer coisa que me afaste de você”, ela professa, antes de revelar o quanto está confusa: “Mas eu prefiro comer do que morrer de fome / Prefiro beijá-lo com força”. Enquanto Hendricks procura uma fuga, a banda entra em cena, recuando o suficiente para permitir que ela confronte a realidade: “O amanhã está chegando / Eu sei que você não me ama”. Aparentemente, ela está lutando consigo mesma; Eva Hendricks não sabe se deve acabar com o relacionamento doentio.