O LSD é uma verdadeira decepção para o pop. Mais do que qualquer coisa, é imensamente cansativo e chato.
Você imagina que combinar três grandes talentos como o LSD, seria suficiente para criar algo incrivelmente espetacular. No entanto, não funciona bem assim. O britânico Labrinth, a australiana Sia e o americano Diplo criaram um álbum de estreia tão colorido quanto sugere o nome do grupo. Mas ele nunca decola da maneira que deveria, principalmente porque uma carga de ideias foi lançada sobre algo que simplesmente não possui núcleo. “LABRINTH, SIA & DIPLO PRESENTE … LSD” não é capaz de manter o interesse do público na maior parte do repertório, uma vez que tudo parece uma grande bagunça. A primeira faixa, “Welcome to the Wonderful World Of”, apresenta uma introdução psicodélica, harmonias acapela, sintetizadores robóticos, seções psicodélicas e até mesmo uma parte teatral. Tudo isso acontece em cerca de 1 minuto – é muita coisa. Ganchos melódicos desaparecem em meio as batidas robustas, mas precisamente programadas. Múltiplas partes vocais e instrumentais são combinadas de maneira confusa. Uma das poucas músicas de destaque, “Genius”, mostra o que acontece quando a química do LSD funciona.
“Ai meu Deus / Querido, querido, você não vê? / Eu tenho tudo que você precisa / Apenas um gênio poderia amar uma mulher como ela / Eu sou um gênio”, Sia canta no refrão sob efeitos eletrônicos e influências de música psicodélica e trip hop. Mas como um álbum completo, as dez faixas não conseguem unir esses momentos em uma experiência correspondentemente interessante. A maior parte das canções foram lançadas como singles, o que dá ao LP uma sensação secundária. E enquanto Labrinth e Sia são vocalmente bons – o primeiro soa intrinsecamente sério e emotivo – as letras parecem um punhado de frases que foram jogadas em um liquidificador. O senso de comunicação que caracteriza os melhores duetos está ausente. Quando o trio apareceu pela primeira vez com seu single de estreia, nenhum de nós realmente pensou que um álbum completo estaria saindo de sua colaboração. Talvez a união de Labrinth, Sia e Diplo seja impressionante o suficiente para apenas uma faixa, e não para um álbum completo.
Entretanto, depois de uma enxurrada de canções promocionais, o trio se apresentou ao mundo como LSD, e lançou seu primeiro álbum de estúdio. Embora cada um deles tenha um estilo específico ao escrever e produzir suas músicas, nenhum parece interessado em liderar esse projeto. Eles acrescentaram um toque único ao som e estrutura geral, mas nenhuma excentricidade ou diversidade consegue impressionar. A primeira faixa, por exemplo, termina com a estranha voz de um locutor berrando: “Pessoas da terra, meninos e meninas, crianças de todas as idades / Bem vindo ao mundo maravilhoso de Labrinth, Sia e Diploooooooooo” – a última vogal se estende exageradamente por 6 segundos. Parece haver uma falta de empolgação para criar algo realmente ousado e envolvente, tornando este lançamento aquém de sua marca habitual. Há algumas faixas cativantes, mas são poucas e distantes entre si. O remix superficial de “Genius”, colocado estranhamente no final da tracklist, simplesmente possui um verso de rap desnecessário do Lil Wayne.
Isso realmente não fortaleceu o seu ritmo, e o efeito sonoro de Weezy só contribui para deixá-la mais brega. O fracasso dessa última música só contribuiu para aumentar a bagunça sonora que este álbum é. Como se constata, LSD não é especialmente psicodélico quanto poderia ser, pelo menos baseado nas definições da velha escola. Nada neste álbum consegue impressionar de verdade, seja a psicodelia descontraída de “Audio”, o dance-pop de “Thunderclouds”, o electropop de “Mountains” ou o velho pop cansado de “No New Friends”. Quando artistas solo se transformam em supergrupos, os resultados costumam ser divertidos, ainda que fugazes. Mas muitas vezes, eles têm um calcanhar de Aquiles: muito gente para pouca coisa. Esse, infelizmente, é o caso do decepcionante LSD. Muitas músicas têm elementos exagerados e estão constantemente mudando para outro riff ou efeito desnecessário – às vezes menos é mais. E liricamente as coisas são ainda piores. Em vários momentos, LSD soa indulgente, particularmente na primeira melodia embaralhada da citada “Welcome to the Wonderful World Of”.
É basicamente uma canção que coloca as melhores e piores qualidades de cada um no centro das atenções. Ademais, enquanto “It’s Time” é completamente inútil, o dancehall de “Angel in Your Eyes” possui vocais extremamente irritantes. Por fim, LSD soa como um monte de algoritmos da música pop. Existem ondas melodramáticas de uma orquestra; existem linhas de baixo berrantes; há algo suspeitamente próximo a um xilofone; há palmas em determinadas faixas; suas palavras são entoadas. As letras do supergrupo também são estúpidas – a repetição é o que eles procuram, tendo em vista que as músicas cortam seus receptores críticos e cobrem você com clichês e uma péssima linguagem. Segue alguns trechos para você escolher: “Minha álgebra terá você como resultado sempre”, “Eu sou o anjo da sua neve“, “Eu tenho a garrafa, você tem o isqueiro”, “Você transforma substantivos em verbos”, “Você coloca a corrida para funcionar”, “Nós temos nossos sonhos de champanhe em uma seca sem fim”. No geral, ninguém quis ficar no controle, por isso toda essa desordem sonora. É uma pena saber que três artistas tão talentosos perderam o impulso dessa forma.