Artistas mudam de imagem de vez em quando; foi o que Taylor Swift fez depois que deixou sua estética de princesa do country para trás. Ela se transformou e evoluiu na frente dos nossos olhos e cada um dos seus passos foi meticulosamente projetado para evocar empatia, mesmo quando sua vida privada se tornava propriedade pública. Infelizmente, apesar de todo o controle criativo, Swift saiu completamente dos trilhos com o “reputation” (2017); um álbum auto-obcecado e às vezes insensível, que viu suas vendas caírem de forma ligeiramente significativa. Nas semanas que antecederam o lançamento de seu novo single, Swift inundou seu Instagram com tons coloridos e abandonou o gótico da era “reputation” (2017). Produzido com Joel Little, conhecido por seu trabalho com Lorde, “ME!” é um inesperado dueto com Brendon Urie do Panic! at the Disco. É uma música pop padrão com harmonias simples e letras terrivelmente clichês. Uma confecção pop chiclete destinada a atrair o maior público possível. É quase chocante que não tenha sido escrita para algum filme animado, como “Happy” (Pharrell Williams) ou “CAN’T STOP THE FEELING!” (Justin Timberlake).
A canção começa com vocais harmonizados antes de pular direto para o primeiro verso. A percussão de estilo militar tenta anteceder a possível energia do refrão, mas as repetições líricas (“Me-e-e, ooh-ooh-ooh-ooh”) são extremamente irritantes. Liricamente, é sobre a confiança em um relacionamento, onde seu parceiro nunca encontrará alguém como você. O ritmo otimista e os instrumentos de sopro são semelhantes a “High Hopes” do Panic! at the Disco; consequentemente a influência do Brendon Urie pode ser sentida. Ele traz uma vibe interessante durante o segundo verso, mas isso é o máximo de elogios que ele pode receber. “Shake It Off” e “Blank Space” firmaram seu nome na cena pop depois que ela cruzou o gênero country. “ME!”, por sua vez, é uma tentativa de recuperar a magia que levou “1989” (2014) ao topo após as decepcionantes vendas dos singles do “reputation” (2017). No entanto, o sabor excessivamente açucarado dessa canção é contrabalançado pelas composições mais maduras e complexas pelas quais ela é conhecida.
O som desajeitado bate diretamente no seu tímpano; o arranjo é sufocantemente adocicado e alegre. Aqui podemos possivelmente encontrar as letras mais fracas de sua carreira. “Eu sou única, querido esse é meu charme”, ela canta no refrão, antes de fazer a adaptação menos inteligente que já criou: “Você é único, querido esse é seu charme”. Isto foi escrito pela mesma mulher que nos entregou “Dear John” e “Begin Again”? Talvez ela evitou a música country porque sabia que teria que trazer letras melhores. E mais tarde ainda temos a atrocidade da ponte onde ela diz, “ei crianças, soletrar é divertido”, e depois continua afirmando que “você não pode soletrar espetacular sem mim”. “ME!” é absurdamente enjoativa, vazia e insidiosa. A única coisa que Swift revela com essa música é que ela realmente quer um sucesso. O vídeo começa com uma cobra se transformando em borboleta, insinuando outra mudança de imagem. Mas tudo parece um enorme passo para trás e não faz sentido quando colocada ao lado de suas melhores músicas. Taylor Swift é uma das maiores popstars do mundo, mas nem esse status pode salvar o quão ruim e decepcionante essa música é.