A nova música de Bill Callahan, intitulada “The Ballad of the Hulk”, é essencialmente uma visão introspectiva de sua juventude – e se ele deveria ter perdido mais a paciência. Nostalgia não é um tema comum que costumamos encontrar em suas músicas. Mas nesse destaque encantador do seu novo álbum de estúdio, “Shepherd in a Sheepskin Vest”, o passado é visto de maneira bem clara. Se comparando com o cientista Bruce Banner e seu brutal alter-ego, Bill Callahan apresenta uma estrofe impressionante: “Um mestre de reiki acenou com as mãos sobre mim / E disse que eu como muito bife / E aguento tempo demais para dores antigas / E ambas são tão duras para o meu coração”. Callahan, embora caracteristicamente reflexivo, parece particularmente concentrado, abraçando o amor não como uma distração da realidade, mas como um local comum de força e segurança.
Às vezes, há uma mudança repentina em sua entrega vocal. “Eu estou olhando para trás”, ele confessa em uma espécie de prólogo falado. “Bem, eu só estou falando sobre os velhos tempos”. Para ser mais específico, ele está falando sobre “O Incrível Hulk” – a série de televisão do final dos anos 70 estrelada por Bill Bixby. A especificidade pode parecer assustadora a princípio; mas, enquanto ele se aprofunda em suas memórias, a metáfora se intensifica com a profundidade e o humor de suas melhores músicas. Uma reviravolta caseira e alegre dos seus últimos discos – “The Ballad of the Hulk” acelera e se instala à medida que sua perspectiva muda. Com o seu inconfundível barítono, ele considera o modo como suas emoções afetam o mundo ao seu redor; ele se pergunta se cometeu erros, se sua dieta precisa mudar e se toda a introspecção de suas músicas está ficando irritante. “Depois da próxima música, seguiremos em frente”, ele anuncia quase silenciosamente. Essas não são perguntas que podem ser respondidas de uma só vez, porém, ele continua vagando.