Apesar de não ser um álbum surpreendente, “Happiness Begins” é o melhor esforço da carreira do Jonas Brothers.
Qualquer um que tenha crescido ao longo dos anos 2000 sabe que o Jonas Brothers foi um fenômeno entre os adolescentes. Dez anos se passaram desde o último disco do grupo, mas os três irmãos voltaram com seu quinto álbum de estúdio, “Happiness Begins”. Depois de passar alguns anos percorrendo seus próprios caminhos, o trio se reuniu mais uma vez com grandes planos no horizonte para uma turnê mundial. Nick, Kevin e Joe Jonas passaram o hiato de sua banda explorando vários empreendimentos diferentes. Joe lançou um álbum solo e depois se juntou a banda DNCE, que quadruplicou a platina com seu primeiro single. Nick formou seu próprio grupo, Nick Jonas & the Administration, que nunca realmente se tornou grande. No entanto, sua carreira como artista solo rendeu alguns hits como “Chains”, “Jealous” e “Close”. Kevin decidiu se afastar da música e encontrou sucesso como estrela de reality show em seu próprio programa. Ele também se tornou empresário e um investidor bem conhecido como CEO da The Blu Market, uma empresa de marketing influente. O Jonas Brothers rapidamente se tornou uma das maiores boybands do início dos anos 2000. Sua música conquistou a TV com o contrato da Disney, que mais tarde lançou dois filmes da série “Camp Rock”.
Enquanto isso, seus primeiros álbuns eram formados por faixas otimistas sobre crescimento, tristes baladas sobre namoros e músicas pop rock sobre aventuras adolescentes. “Happiness Begins”, por outro lado, é uma visão honesta da vida adulta com trilhas animadas e solenes baladas. Enquanto seus álbuns mais antigos seguiram um som específico, esse álbum é radicalmente diferente – ele explora o blues, reggae, dance-pop, R&B e rock. “Happiness Begins” é uma reintrodução sólida para o Jonas Brothers. O álbum mostra seu talento vocal, tanto individual quanto harmonicamente, combinando perfeitamente o que eles têm trabalhado ao longo de seus seis anos de hiato. Em termos vocais, deu a eles uma chance de brilhar, geralmente alternando nos versos e harmonizando quando a música pede. O primeiro single, “Sucker”, é uma fatia de pop rock empolgante e infecciosa. Com apenas 3 minutos de duração, é uma vitória para o Jonas Brothers. Musicalmente, “Sucker” combina as influências artísticas de suas trajetórias individuais. É estranho escrever uma review sobre o Jonas Brothers em pleno 2019, mas não dá para negar que se trata de uma música contagiante. Somando isso ao falsete do Nick no primeiro verso, que ocorre de forma abrupta, “Sucker” é definida em uma chave secundária que lhes dá um pouco mais de vantagem.
Sua fórmula é bem direta e apresenta uma estrutura padrão de música pop. Mas também sentimos um pouco de tudo nessa canção: os vocais sensuais do Nick, a elegância funky do Joe aparente no ritmo e na melodia, e a instrumentação rígida de Ryan Tedder. O gancho principal, apesar de genérico, ainda é cativante e apetitoso. Liricamente, é uma simples canção de amor onde os irmãos admitem estar perdidamente apaixonados. Eles refletem sobre a paixão que você pode sentir por alguém, com letras extremamente intensas. “Eu sou um otário por você / Diga uma palavra e eu vou a qualquer lugar cegamente / Eu sou um otário por você / Qualquer caminho que você pegar, sabe que vai me encontrar”, eles admitem no refrão. Em suma, os irmãos gravaram um divertido videoclipe, dirigido por Anthony Mandler, no qual suas parceiras da vida real – Priyanka Chopra, Sophie Turner e Danielle Jonas – desempenham um papel importante. O segundo single, “Cool”, é um número pop com letras grudentas e uma batida suave feita para dançar. É uma das faixas mais curtas do álbum, e uma das mais felizes também. Ela possui um clima descontraído formado principalmente pela guitarra e bateria. “Acordei me sentindo como um novo James Dean / Penteio meu cabelo como nos filmes antigos”, Nick canta.
Considerando o quanto do álbum lida com músicas de amor e separação, a adição de “Cool” muda um pouco o rumo das coisas. A imensamente cativante “Only Human” é cheia de metais, xilofone e sintetizadores. Nick e Joe assumem a liderança mais uma vez, cantando sobre fraqueza e atração. Uma fusão agradável de reggae e pop com uma batida rápida e extática, além de vibrações incrivelmente descontraídas. “Vamos apenas dançar na minha sala, amar com atitude / Bêbados ao som de uma batida dos anos 80”, Joe canta. Enquanto “I Believe” é claramente emocional, “Used To Be” contém sentimentos feridos sobre batidas simples, sotaques acústicos e elementos de trap em staccato. Essa última é uma das poucas faixas do “Happiness Begins” que não se trata de estar loucamente apaixonado. O enrolamento dos vocais de fundo de “Every Single Time”, emparelhado com a bateria de metal oscilante, permite que o significado das letras seja expresso através da sutil produção. Enquanto isso, “Don’t Throw It Away” é alegre e brilhante, apesar do conteúdo lírico. O desespero das letras justapõe a liberdade sonora da música, levando a um resultado agradável e surpreendente. “Love Her” fala sobre o quão especial as mulheres em suas vidas são para eles.
Eles cantam que, apesar das frustrações “eu continuo voltando como um ímã”, especialmente quando “os opostos se atraem e somos a prova viva disso”. Provavelmente sobre o relacionamento deles com a mídia e o medo de nunca voltar aos bons tempos, “Happy When I’m Sad” não deixa transparecer o quão doloroso é o significado das letras. “Eu coloco um sorriso, não preciso de botox / Por que eu não posso fingir, se todo mundo faz isso? / Bem, eles acham que estou feliz / Como se eles soubessem exatamente como me sinto”, Nick canta na ponte. Após esse breve momento de autoconsciência e contemplação, a música retoma de onde parou: repetindo o refrão formado pela frase “eles acham que estou feliz quando estou triste”. Enquanto “Trust” apresenta guitarras, falsetes e notas ambiciosas, “Strangers” utiliza uma pesada percussão a fim de criar uma atmosfera de caos intencional. Eles cantam sobre fugir de pessoas que os fazem felizes e que precisam confiar na beleza da vida. A sombria e sentimental “Hesitate” possui promessas de mudança e elogios aos “oceanos por me darem a você”. O baixo de fundo coloca mais ênfase na composição, ao passo que o canto do coral a transforma em uma peça surpreendentemente séria. “Rollercoaster” é uma homenagem a tudo o que os três irmãos passaram em sua jornada acidentada ao estrelato.
Na música, eles até mencionam o título do álbum como um gesto para o significado por trás – o renascimento do Jonas Brothers. “Rollercoaster” relata tempos difíceis, anos mais jovens e a compreensão de que eles fariam tudo novamente se isso significasse chegar aonde estão agora. Em “Comeback”, há uma limpa percussão, um leve piano e dedilhados de violão. O tom é refrescante e ensolarado, não necessariamente ofuscante como as outras músicas do álbum, mas completamente suave – como a luz do sol atravessando as folhas das árvores. É um final simples e edificante que une perfeitamente a ideia de felicidade e liberdade recém-descoberta. Apesar da mudança de estilo, os irmãos conseguiram manter sua integridade musical. Em suma, “Happiness Begins” é bastante coerente com seus trabalhos anteriores, apesar das mudanças estilísticas. Não há qualquer genialidade nas composições, mas é um material divertido e cativante. Eu mentiria se dissesse que “Happiness Begins” é inovador, porque ele simplesmente não é. É inofensivo e discreto, e não há absolutamente nada de errado nisso. O mais importante é que os irmãos parecem mais livres e confiantes do que antes. “Happiness Begins” é o nome mais apropriado que eles poderiam ter escolhido para este álbum.