Com sample de “Sujeito de Sorte”, de Belchior, “AmarElo” é a faixa-título do novo álbum de Emicida. Como um todo, a canção transmite representatividade e é usada como mensagem para as pessoas que sofrem com transtornos mentais, como a ansiedade e depressão. O videoclipe, gravado no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, começa com um relato verídico de um homem que tentou suicídio. Como um importante emissor da arte negra, Emicida canta sobre resiliência de maneira emocionante, abordando de forma realista temas como racismo, depressão, desigualdade social e pobreza. Embalado pelo sample de “Sujeito de Sorte” – “Tenho sangrado demais, tenho choro pra cachorro / Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro” -, “AmarElo” ainda conta com participações de Majur e Pabllo Vittar. “AmarElo” é um diálogo profundo e impactante com a sociedade, que mescla clássicas batidas de hip hop com sons contemporâneos. A perfeita combinação de rap, pop, MPB, rock e blues é um ponto de destaque – assim como a magnífica guitarra e os tambores crocantes.
Enquanto as harmonias e oitavas de Pabllo Vittar auxiliam na ornamentação, Felipe Vassão adiciona uma textura rica em detalhes. Majur, por sua vez, vem conquistando seu espaço na cena underground e complementa a música com vocais coloridos e singulares. A sensibilidade artística do trio é realmente impressionante. Mais tarde, eles unem suas vozes e finalizam a canção de maneira triunfante: “Por fim, permita que eu fale, não as minhas cicatrizes”. “AmarElo” é uma peça política e incisiva com uma instrumentalidade brilhante. É um música sobre conexões com um título em homenagem ao poema de Paulo Leminski chamado “Amar é um elo”. Juntos, eles significam “amarelo”, uma cor de advertência, que pode ter vários significados. Pode ser interpretado como um chamado para que os brasileiros prestem atenção às suas próprias conexões, especialmente importante considerando a atual crise política e social do país. Em outras palavras, “AmarElo” é uma resposta poética à violência, injustiça, desigualdade e uma crescente divisão religiosa no Brasil. É uma música de resistência com uma proposta norteadora de acalentar e respeitar a condição de cada indivíduo.