Julien Baker tinha apenas 20 anos quando lançou seu álbum de estreia, mas manifestou suas frustrações como se fosse bem mais velha. “Desejaria poder escrever canções sobre qualquer coisas além da morte”, ela lamentou na faixa-título. Músicas sobre morte são bem antigas, mas cada vez que Baker medita, sua perspectiva parece assustadoramente nova. É o caso de “Tokyo”, seu novo single lançado no início deste mês como parte de uma série de vinil. Ele abre com um arpejo hipnótico que inicialmente parece estranho para ela. Mas, segundos depois, a guitarra toma conta, impulsionando uma de suas músicas mais afetantes até o momento. “Não quero ficar aqui, mas eu vou ficar de qualquer maneira”, ela suspira sobre notas de piano, comparando sua própria precariedade emocional ao pouso de um avião: “Nunca aprendi a descer sem queimar a pista”.
Além disso, ela descreve sua turbulência interior como um “amontoado de sete carros”, lembrando as deliberações do “Turn Out the Lights” (2017). Em vez de reconhecer o valor de sua própria segurança, Baker está aceitando o inevitável. “Você quer amor / É o mais perto que você vai conseguir”, ela grita. A instrumentação incha com sua dor, imitando a intensidade de um pouso forçado. É difícil imaginar uma letra tão cheia de tristeza vindo de alguém com 24 anos. Mas Julien Baker sempre teve uma maneira de enraizar sua própria dor em algum sentimento universal que soa tão antigo quanto o tempo. É clichê falar sobre como “há força em ser vulnerável”, mas Baker, de alguma forma, faz isso de maneira profunda e bonita. Ela falou longamente sobre sua fé, sobriedade e saúde mental. A honestidade visceral em suas composições permite que seu público confie em seus sentimentos. Nada em seu lirismo sugere derrota, mas sim aprender a conviver com os fluxos e refluxos da dor. Certa vez, quando questionada sobre o motivo de permanecer viva, ela respondeu com um sorriso: “minha razão de permanecer viva é mostrar às pessoas que há uma razão para permanecer viva”.