Mesmo quando é completamente desajeitado, “Seeking Thrills” não parece um produto pré-fabricado.
Em seu segundo álbum de estúdio, a britânica Georgia engarrafa sentimentos específicos e celebra alegremente sobre as pistas de dança. Musicalmente, “Seeking Thrills” descreve suas várias influências, atraindo o synth-pop, o disco dos anos 70 e o techno de Detroit dos anos 80 com pitadas de dancehall, house e pós-punk. É uma fusão inebriante e enérgica de sons, conforme ela leva as coisas de volta ao básico e constrói sons a partir de sintetizadores analógicos e batidas de bateria. A coisa toda foi projetada para levá-lo de volta às pista de dança do passado, onde a única coisa que importava era você e a música. As quatro faixas de abertura imediatamente empurram o ouvinte para o coração do álbum. “Started Out” fornece uma mistura de sintetizadores unidos por uma linha de baixo arrepiante e trêmula. Liricamente, ela passeia por um refrão pop antes de apresentar um final gloriosamente emocionante. Essa música parece que existe desde os anos 80. Em “About Work the Dancefloor”, Georgia cumpre seu objetivo de destilar momentos eufóricos para um consumo mais amplo. Com sua linha de baixo e sintetizador caleidoscópico, ela conseguiu criar um refrão maravilhosamente extasiado. Tudo isso continua na estridente e unificadora “Never Let You Go”.
Mais uma vez, com sua linha de baixo e camadas de sintetizadores, Georgia fornece vocais que parecem competir ativamente com o instrumental. Os tons sexuais são inegáveis, mas quem passou um segundo em uma pista de dança sabe que, às vezes, quando a balada fecha ou o DJ para de tocar, você só quer sentir essa adrenalina de novo e continuar dançando, não importa o custo. Quando Georgia diz “eles dizem que você vai ficar livre” no ritmo de “Never Let You Go”, ela parece uma palestrante motivacional e, ao mesmo tempo, uma DJ que ordena que o público se solte. O conjunto inicial termina com a corrida intoxicante da apropriadamente intitulada “24 Hours”. Capturando o ponto alto que consome uma balada, ela rapidamente se torna um hino reluzente, que deve, por direito, ter sua própria bola de discoteca. “24 Hours” começa com um mantra direcionado para “o pessoal da festa”, ao passo que o título evoca imagens de baladas que abrem no sábado à noite e só fecham após o nascer do sol na segunda-feira. “Senti meu coração arrebatado / E finalmente aconteceu comigo / Agora esse sentimento é despertado / Em um andar lotado”, ela canta aqui. A partir daí, o álbum atrai você para um lado mais descolado com o ritmo narcótico de “Mellow”.
Sob instrumentais eletrônicos, palavras faladas e um verso de Shygirl de cair o queixo, essa canção pode facilmente levá-lo para as sombras. É uma faixa que fica cada vez melhor quando você escuta repetidas vezes. Outra coisa emocionante sobre o álbum é sua variedade e profundidade. Músicas como “Till I Own It” e “I Can’t Wait” podem não ter o imediatismo dos singles lançados anteriormente, mas contêm refrões que gradualmente se infiltram no nosso subconsciente. “Feel It” aproveita sua energia tumultuada e canaliza um sofisticado hino alternativo enquanto “Ultimate Sailor” nos dá um pequeno suspiro com seus vocais reconfortantes. Ocasionalmente, Georgia encontra as emoções que ela procura longe das pistas de dança. “Ultimate Sailor” transborda com saudade, iluminada por sintetizadores analógicos que tocam lentamente e apropriadamente. A citada “Feel It” é uma das faixas mais antigas do álbum. Na maioria dos casos, esses singles lançados anteriormente são as canções mais imediatas, então, sua inclusão coloca obstáculos para abraçar algumas das novas músicas, incluindo a modesta, mas eufórica, guinada de “I Can’t Wait” e “Ray Guns”. Até mesmo uma faixa tão bonita quanto “Till I Own It”, que se destaca suavemente, parece fraca em comparação com músicas mais conhecidas como “Started Out” e “Mellow”.
Com seus sintetizadores brilhantes e loops de bateria, “The Thrill” soaria perfeita nos créditos de um filme de John Hughes. Mesmo quando ela canta sobre romances, suas letras tendem a se transformar em uma espécie de homenagem à alegria de dançar. Nessa faixa, essa dicotomia é crucial. “Quero sentir isso de novo / Buscar uma emoção / Não jogar fora”, ela canta sobre os sintetizadores de flauta e a percussão. Em contrapartida, “Honey Dripping Sky” é a Georgia no seu momento mais vulnerável. Uma balada emocional com sintetizadores e cordas orquestrais que de repente se transforma no final inesperado para um álbum imprevisível. Cheio de ritmos energizantes, batidas dinâmicas e melodias memoráveis, “Seeking Thrills” é mais do que apenas um conjunto de peças destinadas à vida noturna. É um registro espetacularmente físico e inquieto que nunca ocupa o mesmo espaço por muito tempo. É a personificação do que significa ganhar vida na pista de dança. A capa do álbum, uma imagem da fotógrafa norte-americana Nancy Honey, tirada em 1988, é um aceno imediato às suas influências. É difícil não desejar que o álbum inteiro tenha o mesmo talento que a primeira metade, porque há muito potencial nas primeiras faixas. Ainda é cedo, no entanto, e as grandes inspirações com as quais Georgia brinca mostram uma verdadeira estrela em ascensão.