O americano Brian Piñeyro vem se destacando desde a metade da década passada com sua visão singular da música eletrônica. Ele já trabalhou sob vários pseudônimos – DJ Wey, Luis, Deejay Xanax, para citar alguns. Mas é através de uma mistura inusitada de techno, house e ambient que Brian se expressa como DJ Python. Além disso, suas batidas são mais lentas do que o normal, e os ritmos com sabor caribenho provoca um estilo que ele chama de “reggaetón profundo” – parecem flutuar no ar, uma espécie de perreo sem peso.
Mas em “ADMSDP”, o primeiro single do seu próximo álbum de estúdio, “Mas Amable”, há uma ressaca sinistra sob tal tranquilidade permanente. No contexto do álbum, a escuridão de “ADMSDP” se aproxima de você. O disco é apresentado como uma mistura graciosa de sintetizadores com um emparelhamento melancólico. No entanto, com “ADMSDP”, o clima fica sombrio: congas sampleadas carregam um eco quase sufocante. Nessa atmosfera flutua as ruminações da poeta LA Warman, murmurando os pensamentos noturnos que nos guiam quando o sono não vem e o tique-taque do relógio do criado-mudo é potencialmente irritante. “Onde era o lugar onde você se sentia bem?”, ela sussurra. “Vá para este lugar”. A voz dela pode ser a voz de um LP de hipnose de segunda mão que você comprou no mercado; pode pertencer a um canal de ASMR no YouTube que você não consegue clicar rápido o suficiente. “Está tudo bem se sentir sem esperança, porque o mundo está sem esperança”, ela sussurra sobre a bateria. “Está tudo bem pensar em morrer”. É aterrorizante e reconfortante em igual medida.