E aconteceu novamente: mais um dia 13 de março e mais um novo álbum do rapper Djonga. Se você pensava que a trilogia formada por “Heresia” (2017), “O Menino Que Queria Ser Deus” (2018) e “Ladrão” (2019) foi o suficiente, você estava completamente enganado. Desta vez, Gustavo Pereira Marques disponibilizou em todas plataformas digitais o álbum “Histórias da Minha Área”, produzido por Coyote Beatz. Dito isto, ele aproveitou para fazer uma homenagem a um dos craques do atual time do Flamengo. Em “Oto Patamá”, ele celebra o famoso bordão do atacante Bruno Henrique e fala sobre a trajetória do jogador. Djonga comentando sobre sua vivência, mas muitos sabem exatamente do que ele está falando. Enquanto muitos artistas criam mundos utópicos em suas letras, Djonga tem se destacado ao falar exatamente sobre a realidade. O seu comprometimento com o real é inspirador. Certamente, é um dos alicerces do seu sucesso. Sempre direto ao ponto, sincero e afrontoso, ele costuma colocar o ouvinte em estado de reflexão. Como mencionado acima, na terceira faixa do disco, Djonga faz uma analogia ao início do jogador nos campos da várzea.
O termo “Oto Patamá” viralizou entre a torcida em 2019. Na ocasião, Bruno Henrique afirmou logo após o empate em 4 a 4 entre Flamengo e Vasco, que o Rubro-Negro estava em outro patamar pela ótima fase. “Histórias da Minha Área” despertou atenção do público antes mesmo do seu lançamento oficial, tendo em vista que a capa viralizou nas redes sociais. Nela, aparecem cinco jovens encarando os seus próprios cadáveres – uma crítica a violência nas comunidades. “Oto Patamá”, assim como boa parte do seu repertório, possui um esquema de rimas impressionante. Conduzida por teclas e percussões, a faixa conta um pouco sobre sua história de vida enquanto faz uma ligação com o jogador do Flamengo. “É que eu falo a língua dos manos / Não perco uma batalha / E apesar dos danos / Sou história na minha área”, ele recita no refrão. “Sou história da minha área / Sou história na minha área / Orgulho de onde eu vim”. No segundo verso, ele menciona a ascensão do atleta: “Nós só é bom no campo igual Bruno Henrique / Porque lembra dos tempo na várzea”. Uma das melhores linhas da música também aparece no segundo verso, momento em que ele mostra a realidade e o medo de muitos jovens da periferia: “Nós é o toque da BM, aquela fuga da PM / O grito engasgado pros perna cinzenta e sem creme / Que quando vê sirene treme”.