A versão deluxe do “Eternal Atake” parece as sobras dos seus arquivos. No entanto, os pontos altos são surpreendentemente bons.
Lil Uzi Vert chocou a comunidade do hip hop com seu excelente novo álbum de estúdio, “Eternal Atake”, lançado na última sexta-feira. Bem, ele parece que ainda tem algumas surpresas escondidas na manga. Na quinta-feira à tarde, ele anunciou que ainda não havia divulgado todas as músicas. Havia um novo álbum pronto para ser lançado – “LUV vs. the World 2” está sendo anunciado como a segunda parte do “Eternal Atake”. O título é praticamente uma sequela da mixtape “LUV vs. the World” (2016). O registro possui 14 faixas e conta com participações especiais de Chief Keef, 21 Savage, Future, Young Thug, Gunna, Lil Durk, Young Nudy e NAV. Na primeira audição, eu já estava tendo o mesmo sentimento que tive quando escutei o “Eternal Atake”. Uzi Vert claramente atingiu uma mina de ouro criativa com suas novas músicas. Ele se tornou um cara que consegue fazer um álbum completo – e fez isso duas vezes em uma semana. E assim como “Eternal Atake”, “LUV vs. the World 2” também deve estrear no primeiro lugar da Billboard 200. Um artista comum pode se apegar a uma lista de convidados para fazer seu álbum se destacar, e se tornar um coadjuvante em seu próprio projeto. Mas Lil Uzi Vert reafirma sua força, mesmo que tenha tantos convidados de alto perfil.
“LUV vs. the World 2” entra de cabeça em seu mundo e está em conformidade com todas as suas maquinações peculiares e melódicas. Parece que não temos notícias do 21 Savage há algum tempo. No entanto, o nativo de Atlanta se uniu a ele para uma contribuição estelar. Há rumores de que “Yessirskiii” faz parte das sessões do “I Am> I Was” (2018), o que explica por que ele possui mais espaço. Porém, Uzi Vert não se coíbe e muito menos se intimida com a presença dominante do 21. Ele enche a música com linhas suficientes para durar o resto da quarentena. Além disso, qualquer coisa produzida por Pi’erre Bourne é sempre de qualidade. Sob sintetizadores, o sotaque do 21 flutua melodicamente e evita sua intimidação habitual em favor de citações hilariantes e oportunas. Uzi provoca uma sacudida após a abertura metódica e faz com que 21 Savage pule no segundo verso. Mesmo que 21 tenha tecnicamente mais versos, Uzi realmente muda a energia da música. E mais importante, o tom lírico e as letras debochadas se ajustam à vibração geral da paisagem sonora. Uzi passou a maior parte do “Eternal Atake” xingando os críticos que o relegam e reprovam o mumble rap. E fez isso utilizando um lirismo enganosamente perspicaz e uma proeza técnica que pode se perder no meio das suas melodias e exortações. Ele continua nessa mesma vibe com “Myron”, a primeira faixa do repertório.
Sob a caprichosa composição e produção de Supah Mario, ele fornece linhas inesquecíveis – ainda que rudes. Frases como essas exemplificam a persona arrogante, mas cativante, pela qual Lil Uzi Vert é tão conhecido. Pode ser difícil aceitar as letras ameaçadoras de um artista que parece um garoto genuinamente jovial nas redes sociais. Mas ele tira proveito de ameaças peculiares em “No Auto”, com Lil Durk: “Vou derrubar um nego como se eu fosse do mesmo tamanho de Dave East”. “Wassup”, com Future, oferece citações do mesmo nível de agressividade: “Lembro-me de morar ao lado de meu inimigo / Agora eu recebi muito dinheiro, poderia explodir toda a sua vizinhança”. Aqui, ele ainda realiza uma rima final de três a quatro sílabas durante a maior parte de seu verso. Mantendo-se no mesmo nível de cada recurso, Uzi recita versos melódicos e assonantes, e impressiona com sua presença em “Money Spread”. Essa música parece um tema de “Donkey Kong” que nunca foi lançado. A única diferença é que “Money Spread” está completamente imbuída de frases explícitas. “Eu peguei sua cadela aqui promovendo minhas bolas”, Young Nudy diz sem qualquer timidez. Na última faixa, “Leaders”, Uzi e NAV revezam-se enquanto fornecem meditações co-produzidas por Cash, Pro Logic e Money Musik.
De fato, ambos flutuam facilmente sobre os densos sintetizadores – que mais parecem sirenes. Uzi colabora com sua inspiração Chief Keef em “Bean (Kobe)”, que também foi produzido por Pi’erre Bourne. É certamente um dos destaques do álbum, mas a colaboração mais impressionante ainda pode ser “Strawberry Peels” com Young Thug e Gunna. Essa música quebra o exuberante sintetizador com um lamento agudo, que serve de base para os três rappers cuspiram suas letras sob a urgente batida chocante do Wheezy. Mesmo com apenas 2 minutos de duração, “Strawberry Peels” é o momento mais tentador do álbum. De fato, “LUV vs. the World 2” consegue agradar facilmente, até mesmo os mais tradicionalistas do hip hop. Pode não atingir as alturas do “Eternal Atake”, mas serve como uma boa contraparte, ainda mais por ter sido lançado com apenas uma semana de diferença. Lil Uzi Vert manteve sua fórmula vencedora e forneceu um humor precoce que cativa com facilidade. Suas complexidades técnicas pelas quais ficou tão famoso faz dele um dos artistas mais interessantes do hip hop. A flexão do gênero que ele explora é incrivelmente infecciosa – e está amadurecendo junto com ele. Com “Eternal Atake”, Uzi deu aos fãs o que eles queriam. “LUV vs. the World 2”, por outro lado, possui quatorze faixas que eles nem sabiam que precisavam.