Sua composição está ficando cada vez mais vazia e seu novo álbum apresenta uma queda de qualidade.
Jahron Anthony Brathwaite, mais conhecido como PARTYNEXTDOOR, estava relativamente sumido há três anos. Como cantor de R&B, ele lançou seu último álbum completo em 2016, seguido por dois EPs em 2017. Para quem não sabe, ele foi o primeiro artista contratado da OVO Sound, a gravadora do Drake. Brathwaite lançou seu primeiro EP em 2013 e, posteriormente, passou três anos escrevendo para DJ Khaled, Drake, Post Malone e Christina Aguilera. Seu terceiro álbum de estúdio, “PARTYMOBILE”, é um verdadeiro exemplo do R&B lo-fi criado para escutar em igual medida nas festas com os amigos ou sozinho no quarto. Normalmente, quando as músicas são executadas em conjunto com sons semelhantes, elas podem atuar como desvantagem para o álbum. E é justamente o que acontece aqui. As faixas se misturam facilmente e, com temas rotineiros envolvendo amor, infidelidade e perda, os vocais deslizam por letras pouco atrativas. PARTYNEXTDOOR geralmente tem um talento especial para criar melodias. Porém, essa qualidade está praticamente escassa no “PARTYMOBILE”. Inexplicavelmente, ele trocou essa qualidade por uma abordagem mais moderada e contida. O resultado é um projeto tedioso que nem mesmo estrelas como Rihanna e Drake podem salvar.
Para muitas pessoas, a música R&B trata exclusivamente de emoções: amor e desgosto são frequentemente os principais focos do gênero. Mas para ele, sempre foi uma saída para resolver sua falta de amor, que às vezes pode parecer uma recusa teimosa de se apegar. Quando ele apareceu pela primeira vez em cena, no início de 2010, ajudou a desencadear uma revolução no R&B alternativo, juntamente com seu compatriota The Weeknd. Os dois redefiniram o gênero por uma década. Mas com “PARTYMOBILE”, ele não conseguiu sequer se reinventar. Em vez disso, fez ajustes na fórmula que o serviu como pioneiro: baladas ambivalentes, vocais auto ajustados e ruminações infligidas por dancehall sobre sua incapacidade – ou sua recusa – de se apaixonar. Sua milhagem pode variar de acordo com o quão bem você se relaciona. Em vez de criar seu próprio caminho – como The Weeknd e Frank Ocean -, ele tenta copiar as tendências do momento. A vibração e a textura não variam muito de uma faixa para a outra, embora as últimas pareçam mais tropicais. Sem sacrificar sua identidade, PARTY parece menos reticente – ou talvez apenas mais bem equipado.
Infelizmente, sua mistura de R&B, dancehall e rap não é tão satisfatória. Ele está mais vulnerável do que nunca, mas sua escrita nem sempre compensa o tempo de execução. A música com mais visibilidade do álbum continua sendo “THE NEWS” – faixa lançada como single em novembro de 2019. “Você me merece? De jeito nenhum / Mas posso deixar você ficar com alguém?”, ele canta, se apegando às suas letras possessivas de sempre. PARTY coloca seu ego e direitos em primeiro plano. Isso pode até parecer encantador para alguns fãs – é como algumas pessoas se sentem nos relacionamentos, mas sem a confiança necessária para admitir isso. “THE NEWS” chega abaixo da superfície com sua pré-disposição para relacionamentos tóxicos. É a sensação de saber que o relacionamento está condenado, mas precisa permanecer nele de qualquer maneira porque dói pensar que sua ex-namorada está com outra pessoa. Mais tarde, Drake aparece no outro single do álbum, “LOYAL” – um número tropical com vocais cheio de autotune. Assim como o Drake, PARTYNEXTDOOR costuma ser um cara solitário. Mas embora queira disponibilidade das mulheres, ele não quer que nenhuma espere reciprocidade.
Drake frequentemente eleva o perfil dos seus colaboradores, mas também é criticado por engoli-los ocasionalmente. A voz do PARTYNEXTDOOR é distinta da do Drake, que é nítida e mais nasal. Mas em álbuns anteriores, PARTY deu uma voz de destaque à maneira como Drake se tornou popular. A influência, no entanto, foi particularmente pronunciada por causa das produções parecidas com as do Noah “40” Shebib (o colaborador de longa data do Drake). Dito isto, as mãos do 40 estão por todo o álbum – sua presença é especialmente identificável no som das primeiras faixas. Mas a grande conquista de “LOYAL” é que a própria voz do PARTY aparece de forma mais clara. Ele está cantando muito mais do que fazendo rap. “TRAUMA” é uma explicação tão boa para esse comportamento quanto qualquer outra. Em um cenário quase tropical, enganosamente otimista, PARTY fala do “trauma” de investir bastante energia e tempo com uma ex-namorada. “Traumatizado, não consigo dormir à noite”, ele se preocupa. “Traumatizado, preciso de você ao meu lado, nunca mais encontrarei uma garota como você”. É otimista e cativante, especialmente por causa das influências de dancehall em sua fundação. A relativa falta de evolução do PARTYNEXTDOOR desmente seu papel institucional na música de hoje – ele soa como Gunna e Young Thug quando muda do canto para o rap.
“EYE ON IT” – sobre desejar uma mulher, mas não querer perder a namorada atual, aparece no meio do álbum com sua bateria de aço indutora. “BELIEVE IT”, por sua vez, é um pedido de redenção a uma mulher desprezada. Ele e a Rihanna pedem um ao outro que acredite na sua fidelidade. É uma música de R&B sensual o suficiente, mas só funciona porque ambos dividem os vocais adequadamente. Suas vozes sangram tão suntuosamente que você se vê torcendo para que haja uma continuação. Inicialmente, “SAVAGE ANTHEM” dá a impressão de que é uma canção de amor. Mas não se deixe enganar pelo ritmo escalonado. “Não prenda a respiração”, ele resmunga sobre a produção downtempo de Andrew Cedar, “Não espere meu amor”. Ele adverte seu interesse romântico pelo desejo de permanecer autônomo enquanto é inspirado por um relacionamento mal-sucedido com a Kehlani. No “PARTYMOBILE”, cada faixa possui um ambiente que inspira relaxamento. Há vibrações geladas por toda parte, assim como baladas que tentam adicionar um certo equilíbrio. Surpreendentemente simples, a bateria parece sincronizar com todos os instrumentos elétricos em loop ao fundo. No entanto, parece haver componentes fundamentais ausentes: provavelmente a emoção e especificidade que antes elevavam suas melhores músicas.