Matthew Dear possui muitos pseudônimos, como False, Jabberjaw, Audion e Brain. Ele é um cara que gosta do esquisito. Há uma tendência obscura em sua música que vem à tona com estranhas explosões psicodélicas. “Boss”, a faixa principal do seu novo EP, é particularmente carregada de tensão. É uma música enxuta e linear, mas continuamente perturbada por erupções de sintetizadores. Ela começa soando relativamente contida, apenas um ritmo techno ondulante lançando profundas sombras em nossos ouvidos. Mas há formas misteriosas piscando nas margens, assim como rabiscos eletrônicos que desorientam e perturbam, desaparecendo tão rapidamente quanto aparecem.
O clima é tenso, como se ameaças potenciais estivessem dançando nos limites de sua visão. A batida cai em 3 minutos e aquela voz aparece: ela fala com um barítono estranho e pastoso, e um tom quase ininteligível, de modo que parece pairar ameaçadoramente sobre você. O que segue é uma espécie de estado de fuga prolongado, um monótono monólogo ao som de tambores. “Não me deixe cair”, a voz pede. “Eu sou um acrobata / Não me deixe cair / Você é o chefe agora / Eu quero que você seja o chefe”. Continua assim por algum tempo, ao mesmo tempo provocante e ameaçador, há sintetizadores enlouquecendo, até que os papéis mudam: “Vou retribuir o favor / Seja meu acrobata / Eu sou o chefe agora”, ele rosna com sua voz praticamente se desintegrando. “Você quer que eu seja seu chefe agora? / Eu sou seu chefe! / Eu sou aquele que leva sua mão mais alto”. “Boss” é um presente desequilibrado, mas sedutor. Há domínio e submissão, tudo empacotado de forma coesa.