Ontem, Future lançou seu oitavo álbum de estúdio, “High Off Life”, produzido por DJ Esco, que também cuidou das mixtapes “56 Nights” (2015) e “Purple Reign” (2016). Em uma das faixas de destaque, “Posted with Demons”, sua voz está embargada pela tristeza quando ele confessa seus pecados sob um redemoinho sinistro de flauta e violino. Não há algo mais inebriante do que essa música – ela representa sua mentalidade de forma crua e maléfica. “Sai do quarteirão, fui postado com demônios / Você não fez a merda que eu fiz”, ele repete várias vezes, mas sem mencionar os detalhes de tudo isso. Suas palavras são liberais em um estilo de vida prazeroso. Mas foi um passado sombrio que fez dele a pessoa que é hoje, e parece que ele fará qualquer coisa para manter seu mundo depravado à espreita. Em termos líricos, Future se mantém em um terreno familiar – especialmente quando aborda seus traumas do passado. Aqui, ele apresenta uma justificativa convincente para viver da maneira que vive, sempre olhando para a escuridão. Em “Posted with Demons”, não dá para negar que ele é uma força implacável e igualmente perturbada. Seu fluxo às vezes aparece em staccato e, outras vezes está mais instável, mas sempre cativante.
“Fazendo, levando, eles vêem o errado / Se as ruas não te matam primeiro, nego / Isso vai te fazer forte”, ele diz em defesa de sua ganância. Produzida por DJ Spinz, o sample surge silenciosamente por trás do Future, à medida que as cordas de violino e as flautas se sobrepõem. Em alguns momentos, ele é mais arisco e fala coisas que você, provavelmente, nunca diria na frente de outras pessoas: “Eu não me importaria se nunca mais visse seu rosto, sua puta louca”. Em outro momento, ele alega que poderia transformar a filha de um pastor em uma prostituta com facilidade. Sem dúvida, há muita escuridão no seu coração. Mas ele faz um trap real; músicas que representam o ciclo inevitável das trevas que corrompe as pessoas. “Posted with Demons” é possivelmente o maior momento deste álbum. Um exemplo perfeito do tipo de abstenção que o seu barítono consegue fazer. Seu fluxo é a mistura do ameaçador com o vulnerável, pronto para lutar contra qualquer um que atravesse o seu caminho. Ele afasta os demônios do passado simplesmente fazendo uma festa – e sabe exatamente quando exclamar, bater e murmurar. De alguma forma, ele faz o auto-tune chorar, estratificando sua performance vocal com tendências depressivas. Ele também diz: “Eu nunca consigo esquecer quando estava morrendo de fome, essa merda me deixa doente”. Ao longo da música, Future lida com seus erros, mas admite que faria a mesma merda novamente para chegar no topo.