O trap é um subgênero musical do hip hop que tem ganhado cada vez mais visibilidade. Apesar de existir desde os anos 90, sua popularidade ganhou maior força na década de 2010. Nos dias de hoje, é um fenômeno musical que sempre aparece nos charts mundo a fora. Embora seja mais popular nos Estados Unidos, o Brasil também agarrou o trap para si. Muitos artistas brasileiros de hip hop usam elementos de trap em suas composições. Um dos nomes que mais tem carregado esse estilo por aqui é o Recayd Mob. O coletivo de São Paulo conta com artistas que se uniram para produzir juntos o que antes já faziam separados. O elenco conta com modelos, produtores, dançarinos, DJs, beatmakers, MCs e cantores. Iniciou os trabalhos em 2016 de forma despretensiosa, mas logo conquistou a cena underground, quando suas músicas passaram a tocar em festas e boates. Recayd Mob atingiu impressionantes 100 milhões de views com o clipe de “Plaqtudum” e assumiu o papel de fenômeno na disseminação do trap nacional. O grupo aproxima o lirismo do funk com o trap e, não por acaso, são os dois gêneros que o mainstream brasileiro mais tenta evitar. O conservadorismo da música popular brasileira ainda não sabe como lidar com as rimas afiadas do hip hop e funk.
“Mlks de SP”, é o novo single da Recayd Mob, que estará presente em sua nova mixtape. A música coloca grandes nomes do rap nacional, como Dfideliz, MC Igu, Jé Santiago e Derek, no mesmo lugar. “Esse é um som que os fãs estão esperando há muito tempo. Já faz mais ou menos um ano que não lançamos uma música nesse formato”, Jé Santiago contou. “Nessa faixa mostramos que São Paulo está bem representada no cenário do trap”. “Mlks de SP” é certamente o auge da Recayd Mob, talvez até melhor do que “Plaqtudum” – é a prova viva do quão talentoso o hip hop brasileiro pode ser. Fortemente inspirado pelo trap de Atlanta, Geórgia, a faixa conta com um teclado libidinoso, sintetizador lascivo, chimbais em expansão e ad-libs no melhor estilo de artistas como Migos, Future, Young Thug e 21 Savage. O clima sombrio é complementado perfeitamente pelo fluxo infame dos quartos MCs. Em meio a superprodução de “Mlks de SP”, surgiu uma polêmica envolvendo o verso do Dfideliz – ele soltou algumas linhas carregadas de indiretas para o rapper Spinardi. De fato, parece uma diss track para o integrante do grupo Haikaiss. Tudo isso começou depois de um suposto envolvimento do Spinardi com uma ex “ficante” do Dfideliz. “Pode tentar, pode me copiar / Pó pegar nosso sample que eu acho gostoso”, ele diz em uma possível referência a música “Gangorra” (Haikaiss), onde existe sample da música “Plaqtudum”.
Em seguida, outras linhas parecem ser supostamente direcionadas a Pedro Qualy, outro rapper do Haikaiss que possui esse mesmo estilo de cabelo: “Eu percebi que eles tão tão perdido / Que fica inventando em botar dread loiro”. Então, ele continua mirando no Spinardi: “Olha, eu não quero sua mina, te juro / Só, por favor, não me chama de bro / Cês quer brecar de eu pisar na sua área / Porque sua mulher vai me mamar no show”. Enquanto isso, Derek ficou responsável pelo refrão que instantaneamente vai agarrar seu cérebro: “Cê tromba com nós, faz porra nenhuma / Que que cês são? São porra nenhuma / Que que cês fez? Fez porra nenhuma”. Ausente em “Plaqtudum”, MC Igu marca presença dessa vez e não fica para trás. “Fala muito, mas você é meu fã / Fala baixo, mano, você é meu fã”, são poucos segundos, mas ele dá o recado. Responsável pelo último verso, Jé Santiago rouba o show e encerra “Mlks de SP” com chave de ouro. É indiscutivelmente a melhor parte da música: “MD na minha LV / BM tipo SUV / A nave com vidro fumê, quase que não dá pra me ver / Qual vai ser? Ela quer saber”. Entre no seu aplicativo de streaming favorito e não deixe de ouvir a melhor música nacional de hip hop do ano!