As músicas de Kareem Ali, muitas vezes moldadas em torno de sintetizadores pulsantes, grandes acordes de piano e cenários atmosféricos, soam mais adequadas em lugares que lhes dão espaço para respirar. Já faz quase uma década desde que o produtor de house de 28 anos deixou seu estado natal, Nova York, para o Arizona, onde o espaço é abundante e as nuvens parecem estar mais altas no céu do que em qualquer outro lugar dos Estados Unidos. A cidade de Phoenix, Arizona, não é conhecida por ser o foco da música eletrônica, mas isso não impediu Kareem Ali de trabalhar.
Suas produções reúnem o anseio futurista do techno clássico de Detroit e os humores sentimentais do deep house, com incursões na música ambient e no drum and bass; o espírito motivador de sua música é evidente em títulos como “Black Freedom”, “Black Advancement” e “Black Power”. Ali é notavelmente prolífico: ele tem 28 lançamentos postados em sua página do Bandcamp desde 2017. “Night Echoes” remonta ao início de maio quando ele lançou outro single, dois EPs e um álbum – mas imediatamente se destaca dentro do seu catálogo. Como as melhores produções caseiras, é uma canção muito simples; o seu núcleo é o loop de um compasso. Mas há uma sensação ansiosa e palpável na repetição desse loop; dois acordes sobem e descem com uma determinação intrigante. Por mais suaves que as texturas da música possam ser, ela tem uma força real: o tempo é rápido, o ritmo enrolado e os chimbais atravessam perfeitamente o piano e a flauta. E embora esse loop central nunca se desvie do caminho, Ali mantém as coisas dinâmicas, reduzindo os filtros para dar uma sensação de mistério. O resultado final é um exemplo do deep house em sua forma mais hipnótica e emocional.