Recentemente, o rapper baiano Hiran lançou o “Galinheiro”, seu segundo álbum de estúdio. Recheado de colaborações, as músicas transitam por diversos gêneros musicais. Uma das faixas que chamam atenção rapidamente é a parceria com Tom Veloso, “Gosto de Quero Mais”. Com direção de Marina Benzaquem, o videoclipe é fiel à letra ao tratar com simplicidade diferentes tipos de relações. Hiran e Tom aparecem, durante boa parte do vídeo, dançando em um cenário com fundo branco. O clipe também conta com a participação da cantora Majur e tem uma pegada descontraída, com todo mundo molhado e se divertindo. Lançado em 2018, seu álbum de estreia, “Tem Mana no Rap”, possui diversas rimas sobre sobrevivência, além da busca pelo espaço em uma cena predominantemente masculina e heterossexual. “Eu sou gay, o rap é gay e isso vai fazer parte da minha vida. Porque eu sou isso. Mas quero ser reconhecido como um grande artista e ponto. Assim como todo mundo que trabalha duro, se esforça e merece isso”, Hiran diz sobre sua trajetória.
Ele tem 25 anos, dos quais boa parte vividos em Alagoinhas, interior da Bahia. Agora, se encontra no Rio de Janeiro incentivado por grandes vozes da música brasileira. As mudanças que ele passou nos últimos anos são pontos de partida da composição do “Galinheiro”. O álbum, feito sob uma paisagem externa e confusa, ainda fornece uma camada extra: uma história de amor e desilusão. Na maior parte, Hiran narra o desenvolvimento de um relacionamento turbulento vivido por ele no ano passado. “Gosto de Quero Mais”, por exemplo, possui elementos centrais: uma fusão de hip hop com funk, grime britânico e o violão de Tom Veloso. A canção tem uma vibe melancólica, mas igualmente dançante, crítica e, vez ou outra, debochada. Hiran e Tom se aproximaram em 2019, quando o primeiro se mudou para o Rio de Janeiro. Sob influência de Mateus Simões, produtor de “Gosto de Quero Mais”, a parceria surgiu como uma brincadeira no estúdio, que foi tomando forma pouco a pouco. Em “Gosto de Quero Mais”, ainda estão presentes suas críticas sociais, que já permeavam singles anteriores. O flerte com o funk carioca serve de grande apelo pop, que pode fazê-lo ultrapassar os limites do rap queer e da música independente. O talento do baiano já podia ser observado por quem o acompanhava desde 2018. Mas aqui, Hiran mistura o canto falado do rap com melodias de R&B e batidas de funk com grande precisão e versatilidade.