Nazar é um músico angolano que vive em Manchester, conhecido por sua mistura distinta de kuduro e música eletrônica. A título de curiosidade, seu nome artístico é derivado da canção “Waters of Nazareth” da banda Justice. Nazar nasceu na Bélgica em 1993, filho de Alcides Sakala Simões, ex-general da União Nacional para a Independência Total de Angola. O mesmo viveu no subúrbio de Bruxelas até os 14 anos de idade e cresceu sob a ameaça de gangues de rua. Em 2002, após a Guerra Civil Angolana, Nazar visitou o país e acabou por adquirir residência permanente em 2007 na cidade de Luanda. Um autodenominado “alienígena sem amigos”, Nazar se viu lidando com a depressão e, consequentemente, encontrou consolo na música. Em 2007, inspirado nas músicas de Justice, Daft Punk e Burial junto com o desejo de impressionar seus colegas de classe, ele começou a produzir música, inicialmente fazendo beats no laptop de seu pai com uma cópia pirata do estúdio FL.
Para ele, a injustiça e repressão que marcaram o passado do seu país se tornaram uma inspiração para a sua música atual. No seu álbum de estreia, “Guerrilla”, ele tece a história conturbada de sua família durante a guerra civil angolana – com particular destaque para as experiências do seu pai – numa música mercurial que se aprofunda no pessoal e conflito político. Para aumentar o impacto, Nazar amarra sua força eletrônica gelada com uma percussão rompida e gravações de campo para criar o “kuduro bruto”, sua própria versão obscura do gênero desenvolvida em Luanda na década de 80. Em “Bunker”, um número ameaçador com a participação da DJ londrina Shannen SP, Nazar reúne sintetizadores enrolados e tambores barulhentos para induzir uma sensação instantânea de tumulto. A canção foi inspirada em uma história sobre as irmãs mais velhas do Nazar, que se abrigaram em um hotel com jornalistas estrangeiros durante as eleições angolanas de 1992. Um helicóptero se funde com camadas de backing vocals fragmentados e áudio de armas sendo recarregadas. A agitação rítmica forma um pano de fundo inquieto para a entrega lírica de Shannen SP; ela e Nazar descrevem ruas de cidade estranhamente silenciosas e ferimentos a bala. Explorando o humor alucinógeno do trip-hop e o DNA turbulento do kuduro, “Bunker” é uma peça sinistra e urgente sobre as cicatrizes duradouras da guerra.