Luedji Gomes Santa Rita, mais conhecida como Luedji Luna, é uma cantora e compositora baiana criada em Brotas, bairro de Salvador. A música sempre esteve presente em sua vida, visto que seu pai é músico, e foi um dos integrantes do grupo Raciocínio Lento. Na adolescência, Luedji começou a compor suas próprias canções e já cantava informalmente em bares da sua cidade natal. Suas músicas retratam o preconceito racial, feminismo, empoderamento feminino, especialmente da mulher negra, retratando a cultura afro-brasileira em suas vestimentas e cantando sobre religiões de matriz africana. Com produção de Sebastian Notini, ela lançou o seu primeiro álbum de estúdio, “Um Corpo no Mundo”, em 2017. Anos depois, ela se encontra preparada para divulgar seu segundo álbum, intitulado “Bom Mesmo é Estar Debaixo D’Água”. Em algumas entrevistas, Luedji pontuou que, neste disco, fez questão de chamar outras vozes para participar, colaborar e compor as canções – a reinterpretação da icônica música de Nina Simone também entrou na pauta.
Ao colocar “Bom Mesmo é Estar Debaixo D’Água” para tocar, rapidamente você fica fascinado pelo canto de Luedji, banhado de ritmos africanos e elementos jazzísticos. Com a faixa-título, entrei num sonho musical: você praticamente viaja em meio à intensidade das letras e dos sons. Misturando a MPB com o jazz, R&B, blues e o afropop, “Bom Mesmo é Estar Debaixo D’Água” fala sobre amor e afeto. Cada fragmento da canção floresce em um arranjo vívido e deliciosamente cativante. As batidas minimalistas e a voz calorosa preserva a essência tribal e a celebração da negritude que define o álbum como um todo. Do tratamento dado aos arranjos até a melodias friamente calculadas, poucas vezes antes a sua música pareceu tão acessível. As afetividades de “Bom Mesmo é Estar Debaixo D’Água” parecem ser a sua essência. Não é uma canção de viés político, mas poética. “Eu danço a dança das tuas marés / Eu danço a tua dança”, ela canta suavemente. É uma peça que reflete sobre a afetividade de mulheres negras trazendo como referência a água, elemento ligado às emoções e a Oxum, orixá africano ligado ao amor e à maternidade.