A pandemia inspirou muitos artistas durante o distanciamento social e, com a Pitty, não foi diferente. Em seu novo videoclipe, dirigido por Fernando Mencocini, ela faz uso de diversos recursos para ilustrar o single “Na Tela”. Em alguns momentos, ela aparece usando uma máscara com tachas a fim de simbolizar a pandemia. Liricamente, Pitty elabora reflexões sobre o uso da tecnologia, o contato mediado por telas e a falta da contato nas relações. Ela provoca uma reflexão sobre o relacionamento através das redes sociais, onde a intimidade se resume as telas de celulares e computadores. Basicamente, a faixa é fruto das inquietações que surgiram durante o lockdown, quando Pitty passou a observar a força que tais equipamentos eletrônicos exerceram nas relações amorosas. Segundo ela, a ideia da música surgiu já no início do isolamento, quando muitos casais tiveram que ficar distantes, dependendo ainda mais da tecnologia para manter contato.
“Que cheiro tu tem? / Que gosto tu tem? / Que groove tu tem? / Será que um dia eu vou saber?”, ela se pergunta nos primeiros versos. Aqui, o eu-lírico questiona quais são as características reais do seu pretendente. Ela também imagina como a relação se desenrolará quando os dois estiverem juntos: “Cada DM um gatilho / Cada foto um vulcão / Noites e noites a fio / Platonizando a versão / Do que seria esse feat / Será que dá match ou não?”. Felizmente, as gírias não destoam do tom da música, talvez pela sonoridade pesada, talvez pela composição emaranhada. Orquestrada pela Pitty e o baterista Daniel Weksler, “Na Tela” contém o fervor do rock dentro de uma estética pop. A atmosfera percussiva e o ritmo descontraído – pontuado pelo baixo e pela guitarra – também misturam os vocais com sintetizadores modernos no refrão. Embora não seja uma música inerente, “Na Tela” mostra sua disposição em buscar outras vertentes sem anular sua personalidade. Não é uma das melhores músicas da banda, mas é pertinente, levando em consideração o atual momento que a sociedade vive.