Baco Exu do Blues está de volta com “Tommie Smith”, faixa lançada no dia da Consciência Negra. O título se refere ao atleta norte-americano Thomas Smith, ícone na luta contra o racismo nos Estados Unidos que, durante os jogos olímpicos de 1968, disputados no México, causou polêmica ao permanecer de punhos cerrados no pódio durante a execução do hino nacional, reproduzindo o símbolo do grupo ativista Panteras Negras. Produzida por Nansy Silvvz, “Tommie Smith” faz parte do projeto “Bandele” que conta com outros artistas negros do selo “999”. Palavra oriunda da Nigéria, “bandele” significa “nascidos longe de casa”.
Criado pelo rapper com o produtor Leonardo Duque, o selo 999 entrou no mercado fonográfico com a intenção de dar visibilidade a artistas negros. Além de Baco com “Tommie Smith”, o projeto possui a presença de Celo Dut, Dactes, Vírus, Young Piva e Muse Maya. Todos os singles serão lançados entre 16 e 27 de novembro, em intervalos de dois ou três dias, simultaneamente com os respectivos videoclipes filmados sob direção do próprio Baco Exu do Blues. “Tenho raiva, pois não sou santo”, Baco diz antes de despejar suas metáforas angustiantes. “Oceanos se encontram nos meus olhos negros e só enxergo sangue”, ele recita no poderoso refrão. “Tommie Smith” é uma música relativamente curta, com pouco mais de 2 minutos de duração. No entanto, tem força suficiente para transmitir fúria de Baco Exu do Blues. Mesmo que a brutalidade e violência continuem marcando cada canto do nosso país, o rapper baiano usa sua arte na luta contra o racismo. Liricamente, Baco presta uma homenagem que transita pela dor de quem sofre o racismo na pele diariamente. “Mataram meu parceiro e eu quase surto / Uma vez me falaram que todo preto é igual / Mas o que difere o céu glorioso do asfalto sujo?”, ele cospe enquanto o teclado sinistro e a batida de trap corrói por trás.