Milton Nascimento não é apenas um dos maiores artistas da música brasileira, ele também é um músico engajado com causas essenciais, como o amor. Prova disso é “Paula e Bebeto” e a história de amor que serviu de inspiração para a canção composta junto com Caetano Veloso. A letra segue atual e esclarece a importância de respeitar todas as formas e maneiras de amar. Nascimento conheceu o casal em Três Pontas, Minas Gerais, enquanto tocava numa praça. Era início da década de 70 e a noite de cantoria se transformou numa linda amizade. Antes de virarem letra de música, Paula e Bebeto namoraram durante muito tempo e chegaram a ficar noivos. Bebeto, em entrevista ao Museu da Pessoa, disse que eles chegaram a ter uma grande festa de noivado, mas, na véspera de se casarem, perceberam que aquela era uma paixão muito louca e resolveram se separar. Ele afirma que não era um amor estável e que, depois de tantos anos de namoro, eles já eram pessoas completamente diferentes. Mesmo assim, o casal sofreu bastante com tal separação.
Bebeto é, na realidade, Carlos Alberto Pinto Gouveia, que mais tarde foi convidado por Milton para fazer a segunda voz em algumas canções do álbum “Minas” (1975), que estava sendo gravado em um estúdio no Rio de Janeiro. Foi nessa gravação que Milton apresentou ao casal (que na época já havia se separado) a canção em homenagem a eles, “Paula e Bebeto”. Nascimento queria que o casal de amigos reatasse, o que acabou não acontecendo. Sabendo um pouco sobre a história por trás da música, Gal Costa resolveu inclui-la mais uma vez no seu novo álbum de estúdio, “Nenhuma Dor”. E, dessa vez, a baiana convidou o rapper Criolo para o clássico originalmente escrito por Milton Nascimento – primeira parceria entre ele e Caetano Veloso, lançada no álbum “Minas” (1975). Há seis anos, Gal gravou uma música do Criolo. Primeira e única parceria do rapper com Milton Nascimento, “Dez Anjos”, foi uma das novidades apresentadas pela cantora no álbum “Estratosférica” (2015). Por esse motivo, soa simbólica a reaparição de Criolo na discografia de Gal com gravação da música de Milton Nascimento.
“Paula e Bebeto” está sendo lançado nesta sexta-feira, 08 de janeiro. Regravada por Gal no álbum “Água Viva” (1978), a canção se tornou uma representação dos movimentos sociais em favor da liberdade de amar. Aqui, há letras como: “Qualquer maneira de amor vale à pena / Qualquer maneira de amor valerá”. Na atual gravação de “Paula e Bebeto”, feita por Gal e Criolo, com produção musical de Felipe Pacheco Ventura, soa nítida a intenção de celebrar Milton Nascimento com evocações da gravação original da música de 1975. O coro feito e arranjado por Zé Ibarra reforça tal percepção. Contudo, alguma coisa ficou fora do lugar. O canto do Criolo carece de energia. Falta uma centelha de brilho no arranjo da gravação, também formatada com os toques do baixo, da bateria, das cordas e da percussão. O instrumental mais moderno contrasta perfeitamente com o vocal extasiado da Gal. A música tenta emular a peça original de 1978 com a agitação da guitarra acústica e a participação de Criolo. No entanto, embora seja uma bela canção, a nova regravação fico um pouco aquém do esperado.