O italiano Donato Dozzy será para sempre sinônimo de um som hipnótico e atmosférico. Mas se você já o viu como DJ por mais de duas horas – ou ficou de olho em seu catálogo, como os dois álbuns que ele lançou este ano – você saberá que seus gostos são incrivelmente amplos. Ele toca discos de drum and bass desde o início dos anos 2000, e ainda mais recentemente. Agora Dozzy retorna com um EP de faixas originais que fazem jus aos remixes. O mais próximo em estilo é “Sanza High”, um número rígido feito pedra que carrega o espírito do techno. Com “Mai”, Dozzy fornece tambores barulhentos e zumbidos industriais. Parece uma manivela enferrujada em comparação com “Dusty Bones”, que pega os sons carregados de ansiedade do funk do final dos anos 90 e os torna ainda mais paranoicos e palpitantes.
“Mai” realmente fornece uma batida forte e pulsante – embora de natureza linear, os timbres que Dozzy escolheu para usar criam um turbilhão frenético de experimentação. Um furacão que cresce gradualmente em tamanho e urgência, e aumenta o ritmo. Para quem não sabe, o drum and bass tem uma relação forte com o ritmo. Medido de uma determinada maneira, sua estrutura costuma ter um ritmo alucinante. Em “Mai”, Dozzy tira o máximo proveito das qualidades do gênero. Como mencionado, sua música é conhecida por suas qualidades hipnóticas, até mesmo psicodélicas, em que a programação de bateria e os sintetizadores rolam sobre ondas incessantes. Embora ele normalmente faça techno, ele deu uma facada no drum and bass em um remix de 2019 para o produtor de Seattle, “Homemade Weapons”. No entanto, “Mai” é ainda mais interessante. Começando com um bumbo e um loop cinzento, ela se move para a frente com uma determinação implacável. Os elementos essenciais de sua música estão presentes, mas ao longo dos próximos 4 minutos, Dozzy aplica uma pressão sutil à mixagem. Quase imperceptivelmente, seu foco muda.