“Still Woman Enough” é uma coleção nostálgica que se encaixa perfeitamente no catálogo da lenda do country.
O 50º álbum de estúdio da Loretta Lynn – excluindo suas dez colaborações com Conway Twitty -, “Still Woman Enough” celebra as mulheres na música country. De sua homenagem a criadores como Mother Maybelle Carter e The Carter Family (por meio do cover de “Keep on the Sunny Side”) até a nova interpretação de seu primeiro single, “I’m a Honky Tonk Girl”, Lynn mostra seu papel no cânone da música country americana. Enquanto isso, duetos com Reba McEntire, Carrie Underwood, Margo Price e Tanya Tucker a vê compartilhando sua tocha musical com algumas das luzes mais brilhantes do country contemporâneo. O álbum conta com 13 novas gravações que abrangem sua carreira em diferentes aspectos. Ele é centrado em composições originais – desde novas canções como “Still Woman Enough” (que compartilha seu título com sua autobiografia de 2002) até novas interpretações de clássicos, incluindo a citada “I’m a Honky Tonk Girl” (seu primeiro single lançado originalmente em março de 1960), “You Ain’t Woman Enough” (a faixa-título do seu primeiro álbum número #1 na parada Hot Country da Billboard), “My Love” (da compilação “Here’s Loretta Lynn” de 1968), “I Wanna Be Free” (originalmente de 1971) e uma recitação comovente de sua canção mais famosa, “Coal Miner’s Daughter” (originalmente de 1970).
Junto com isso, Lynn também inclui uma reformulação do clássico escrito por Shel Silverstein em 1971, “One’s on the Way” (gravado aqui com Margo Price). Ademais, há interpretações de clássicos americanos tradicionais como a citada “Keep on the Sunny Side” e “I’m All Smiles Tonight” (duas canções popularizadas por Mother Maybelle e The Carter Family), o folk de Stephen Foster “My Old Kentucky Home”, o clássico de Hank Williams “I Saw the Light” e os números country gospel “I Don’t Feel at Home Anymore” e “Where No One Stands Alone”. Todas essas músicas servem para demonstrar uma visão resumida do enorme talento da Loretta Lynn, além de sua capacidade incomparável de se relacionar musicalmente e interpretar a vida pessoal e espiritual das mulheres. Mais do que isso, também dá ao ouvinte uma amostra poderosa do porque ela sempre será considerada uma das maiores contadoras de histórias da música americana. Mesmo com 88 anos, ela ainda parece imparável – ela nunca parou de gravar, e até hoje continua sendo uma pioneira absoluta do gênero. O fato dela ainda estar entre nós já é graça o suficiente. Aqui, numa espécie de volta da vitória, ela reacende o fogo. O efeito líquido de “Still Woman Enough” é uma artista dando uma festa em sua própria homenagem. O controle de qualidade é parte do segredo do seu enorme catálogo.
Recentemente, ela teve um surto de problemas de saúde, um derrame, e este é o seu retorno triunfante às gravações. Ela realmente é a rainha sobrevivente da música country. Em “Still Woman Enough” – co-escrita com sua filha, Patsy Lynn Russell – ela, Reba McEntire e Carrie Underwood se misturam lindamente enquanto lidam com temas de confiança, resiliência e orgulho. “Bem, essa garota aqui esteve lá e fez isso / Eles me chamaram de caipira, mas eu ri por último / De pé aqui hoje, provando em todos os sentidos”, ela canta. Em sua versão de “Keep on the Sunny Side”, nós realmente ouvimos algum otimismo espirituoso, e você tem uma noção real de sua crença na mensagem da música para manter a positividade. Dito isto, existem algumas outras covers excelentes aqui. “Where No One Stands Alone”, que ficou famosa na voz de Elvis Presley, é profundamente emocional e tem alguns instrumentos deliciosos. Muitos também irão gostar da versão de “I Saw the Light” – é mais rápida e elegante do que a original. No entanto, os destaques desta coleção são as colaborações. Em “One’s on the Way”, Lynn é acompanhada por Margo Price. As letras cobrem a luta de ser uma dona de casa nos anos 70: “Um deles está engatinhando e um está a caminho”.
O álbum também apresenta uma nova versão de “You Ain’t Woman Enough”, com Tanya Tucker – uma das canções mais conhecidas da Loretta Lynn. Sua natureza agressiva combinou perfeitamente com os vocais e o estilo emotivo da Tanya. Há muitas baladas no decorrer do álbum que o torna lento. A recitação de “Coal Miner’s Daughter” foi uma escolha especialmente estranha, visto que ela já revisitou essa música duas vezes na última década. Com tal trabalho, você pode estar se perguntando por que sua relutância em gravar novas músicas, escritas por ela mesma ou por outros. O mercado de canções para artistas de country tradicional ainda é forte, e Loretta Lynn continua se dedicando à escrita. No entanto, teria sido bom ouvi-la cantando novas músicas, se ela estivesse disposta, é claro. No geral, “Still Woman Enough” é uma coleção fantástica e atemporal. Sem qualquer hipérbole ou preconceito, depois de ouvi-lo por completo, você fica surpreso que, mesmo em uma idade avançada, Lynn ainda soa excelente. “Still Woman Enough” é basicamente uma retrospectiva de sua carreira e do seu estimado legado. Com um acompanhamento mínimo, as palavras parecem assumir um significado diferente – menos comemorativo e mais declarativo. Ele traz à tona a dor por trás da poesia e coloca em perspectiva o tesouro que é sua história de vida.