Dez anos após a apresentação do seu último álbum de estúdio, “O Que Você Quer Saber de Verdade” (2011), Marisa Monte anuncia para julho a chegada de um novo LP. Intitulado “Portas” (2021), o disco que será lançado pelo seu próprio selo, Phonomotor, acaba de ter o primeiro single revelado. Com arranjos de Antônio Neves, “Calma” mostra o poder dos seus vocais e falsetes, e provoca um retorno ao som dos seus primeiros registros. “Calma / Que eu já tô pensando no futuro / Que eu já tô driblando a madrugada / Não é tudo isso, é quase nada”, ela canta em meio a guitarras, pianos e trompetes. Co-produzida com Arto Lindsay, colaborador do “Mais” (1991) e “Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-Rosa e Carvão” (1994), o instrumental ainda é formado por violão, bateria e baixo. Liricamente, “Calma” contém linhas amorosas que falam da madrugada, da alvorada e da “tempestade em copo d’água”. “Não diga que não gosta de mim / Não diga que não vai me notar / No pé do bar em qualquer lugar / Não venha me dizer que não dá / Não quero ver você se perder”, ela canta aqui. Dessa vez, a própria Marisa toca o violão de nylon. Além de “Calma”, pouco se sabe sobre o repertório do “Portas”.
Em um vídeo teaser divulgado por sua assessoria de imprensa, é possível vê-la trabalhando em estúdio acompanhada de velhos companheiros como Carlinhos Brown, Dadi e os guitarristas Pedro Baby e Davi Moraes, além do percussionista Pretinho da Serrinha, nome ligado ao samba carioca, e do cantor Silva que, em 2016, dedicou um álbum inteiro à sua discografia. Nesse mesmo vídeo, Marisa Monte fala sobre o medo que a pandemia provocou nas pessoas. Ela também disse que, por sugestão de um amigo, resolveu entrar no estúdio para gravar o novo trabalho. “Música é remédio. Foi aí que a gente abriu a portas e reencontrou nosso caminho”, diz o texto. No clipe, lançado simultaneamente à música, o clima é o mesmo. A estrada me pareceu uma metáfora de que todos estamos atravessando algo que vai nos levar a um outro lugar. Apesar de ser um vídeo feliz, as imagens também registram a presença da pandemia. Seja nas máscaras tampando o rosto de quem não precisa cantar ou tocar e também na videoconferência. Em essência, “Calma” é um número pop com influência de soul que anuncia a alvorada e que, diante do momento atual do mundo, serve como um momento terapêutico por imaginar um futuro onde as coisas irão voltar ao eixo.