Inesperadamente, em seu álbum de estreia, Walt McClements toca acordeão, um instrumento mais frequentemente encontrado em estilos regionais. “Espero que a essência do álbum transmita a beleza, a maravilha e a esperança de mundos secretos”, ele disse sobre o “A Hole in the Fence”, discutindo o papel das sociedades. Embora o acordeão raramente seja ouvido na música ambiente, o álbum consegue extrair diversas notas da música clássica contemporânea. Em “Thresholds (through a hole in the fence)”, por exemplo, o músico de Los Angeles aproveita ao máximo as possibilidades de tal instrumento. Combinando sua música glacial e meticulosa com experiências pessoais de subculturas artísticas, McClements conseguiu criar uma trilha sonora supreendentemente evocativa. As teclas do acordeão batendo nas palhetas constituem a parte rítmica do instrumental.
A forma que “Thresholds (through a hole in the fence)” começa e termina lembra um trem rolando por um trilho, atingindo seu passo de uma forma maravilhosamente caprichosa. Por cima, McClements tece melodias ousadas, quase melodiosas que contrastam com suas estruturas monótonas. Não importa o ritmo, ele extrai imediatamente uma cena cósmica do acordeão. “Thresholds (through a hole in the fence)” é um caso totalmente envolvente, conforme ele extrai sons enormes de um único instrumento. Na maioria das vezes, sua forma de tocar é semelhante a um órgão tocando em alguma enorme catedral – é algo realmente celestial. E o clima da música é igualmente sereno e eletrizante. Mas talvez não seja acidental: o título se refere à uma história particular de Walt McClements. Porém, para o ouvinte, “Thresholds (through a hole in the fence)” serve como uma jornada em movimento ou um convite sonoro para um lugar inexplorado.