Aos poucos, Juçara Marçal começa a revelar, com o lançamento do single “Crash”, a base do seu segundo álbum solo. Sucessor do aclamado “Encarnado” (2014), “Delta Estácio Blues” está sendo finalizado juntamente com o produtor Kiko Dinucci. “Crash” apresenta uma nova faceta da artista e chega com um videoclipe dirigido pela carioca Ana Julia Theodoro. “‘Crash’ é ataque surpresa, colisão. É grito de vingança. É usar o poder da raiva com astúcia”, ela disse sobre o novo single. Cantora do Metá Metá, ela fez parte dos grupos Vésper Vocal, A Barca e Ilu Obá De Min. Em 2014, lançou seu primeiro disco solo, “Encarnado” – um sucesso de público e crítica. No ano seguinte, Marçal lançou “Anganga” ao lado do músico carioca Cadu Tenório e, posteriormente, em 2017, inspirada no livro “O Mito de Sísifo” de Albert Camus, lançou “Sambas do Absurdo” com Rodrigo Campos e Gui Amabis. Em fevereiro de 2019, Marçal estreou como atriz na peça “Gota d’água {Preta}”, montagem do clássico de Chico Buarque e Paulo Pontes, com elenco majoritariamente negro. Agora ela busca uma nova página em sua carreira.
No novo álbum, ela fará colaborações com Tulipa Ruiz, Siba, Rodrigo Campos, Maria Beraldo, Douglas Germano e Catatau. A ideia do novo trabalho é abordar a música eletrônica fora de sua estética já conhecida, propondo novos cenários e ritmos, mas sem deixar de lado a forte ligação com a música popular brasileira. “Eu faço tudo para não entrar numa guerra / Mas, se entrar, não vou parar de guerrear / Ninguém mandou você vir me aperrear / Eu vou te madeirar”, Marçal avisa no refrão de “Crash”. Com elementos de hip hop, a canção justifica a alta expectativa de ser a primeira amostra do “Delta Estácio Blues”. Racismo, negritude e feminilidade também são abordados aqui. Escrita por Rodrigo Hayashi, o rapper paulista conhecido artisticamente como Ogi, “Crash” foi construída principalmente a partir de colagens sonoras feitas com sintetizadores e batidas pesadas. Certamente, sua qualidade musical bate de frente com as melhores músicas do “Encarnado” (2014). Dito isto, após ouvir “Crash” por vezes suficientes, minhas expectativas para o “Delta Estácio Blues” ficaram ainda mais altas.