Desde que ganhou reconhecimento com o álbum “Rainha dos Raios” (2014), Alice Caymmi vem flertando cada vez mais com a MPB – caso do “Electra” (2019), álbum de voz e piano. Lançada nesta quinta-feira (09/09), a inedita “Serpente”, por outro lado, passeia fortemente pelo pop de singles como “A Noite Inteira”, gravado com o grupo baiano ÀTTØØXXÁ e produzido pelo trio Maffalda, Rodrigo Gorky e Zebu – três dos cinco integrantes da Brabo Music Team. No entanto, “Serpente” foi produzida pela própria Alice Caymmi em parceria com Vivian Kuczynski – com quem trabalhou na releitura de “Me Leva”, do Latino.
Através de sua atmosfera sintética e eletrônica, a carioca manda um recado de forma bem direta. “Eu tenho o direito de me expressar / E viver do jeito que eu quiser viver / Dois pesos, duas medidas / É de se esperar / O dedo é na ferida / Mas eu digo não”, ela canta contra um relacionamento abusivo. Nesse contexto, “Serpente” funciona como um grito de liberdade – Caymmi possui um temperamento selvagem e nunca deixou de impor sua própria personalidade, tanto como artista quanto como mulher. Atuando como carro-chefe do seu próximo álbum de estúdio, “Serpente” mostra a busca de Caymmi por uma sonoridade mais acessível. “É uma música absolutamente autobiográfica e fala muito sobre o que senti. Sempre fui muito artista e a normatividade me trouxe esse sufoco horroroso e até uma sensação de morte”, ela comentou sobre a música. De fato, a voz e os versos liberam fortes emoções aqui. Influenciada pelo pop americano da década de 2000, “Serpente” fala sobre o aprisionamento que os padrões nos impõem, atuando como um bote no opressor.