Já faz 18 anos desde que a banda The Wrens lançou sua estranha e tardia obra-prima, “The Meadowlands” (2003). Por isso foi uma surpresa saber que Aeon Station, o novo projeto de Kevin Whelan, lançou uma nova música ontem. Depois de mais de uma década trabalhando para The Wrens, Whelan finalmente decidiu criar seu próprio álbum. Assim, “Observatory”, o álbum de estreia de Aeon Station, chegará em 10 de dezembro de 2021 pela Sub Pop. A primeira música compartilhada do álbum é “Queens”. “Essa música foi inspirada por uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos, ‘The Winner Takes it All’ do ABBA”, Whelan disse. Embora não pareça com “The Winner Takes it All”, esse forte sentimento de aceitação e desolação, é certamente partilhado em “Queens”. A canção começa com uma introdução sintética, mas rapidamente a bateria explode como um míssil propulsivo de emoções.
Aeon Station brinca com seus sentimentos mais tenros, mas isso só adiciona mais combustível à música, pois rapidamente cai na raiva e culmina na repetição de “Você disse que estava tudo em”. Pode lembrar alguns clássicos do “Meadowlands” (2003), como “Hopeless” ou “Everyone Choose Sides”, mas há uma nova finesse que se adapta à determinação da música. “Queens” constrói um clímax verdadeiramente emocionante e ambivalente com enormes guitarras e uma bateria frenética. Depois de tanto tempo, o primeiro sabor de um novo material de um membro do The Wrens é melhor do que o esperado. Os distorcidos e emocionantes riffs de guitarra fazem um grande trabalho, e antes da música chegar ao fim, Whelan explora um tapete acústico que desaparece lentamente. Eu costumava pensar que Charles Bissell seria o cara que criaria alguma continuação artística para o “The Meadowlands” (2003), mas “Queens” faz isso tão bem. Mesmo que nunca pudesse corresponder à régua alta que The Wrens criou, Aeon Station provoca uma ótima audição – e ainda encontra Kevin Whelan livre do fardo do passado.
“Quando todos esses fins começaram? / Ainda parece que sempre foi”, ele canta inicialmente. É preciso pensar que se trata de uma mensagem direta para Bissell, cujas tendências perfeccionistas acabaram contribuindo fortemente para as rupturas da banda que eventualmente separaram todos. Em pouco tempo, ele está consertando corações machucados enquanto nos diz: “Você nem sempre pode perder, é hora de vencer” – um chamado às armas tão eufórico quanto o momento de auto capacitação de Bruce Springsteen em “Thunder Road”. Certamente, Whelan minimiza o impulso artístico aqui, mas também não o elimina completamente. Não devemos esquecer que The Wrens é uma banda que lançou várias músicas que são apenas duas músicas tocadas ao mesmo tempo – ouça o estranho sucesso de “Destruction / Drawn”. Para uma música construída com base no ímpeto, “Queens” causa um impacto estranhamente bem-vindo. É claramente uma das faixas escritas para The Wrens, afinal sua estrutura é muito parecida com o material original da banda, especialmente por causa do imediatismo. Em última análise, com base no lançamento dessa música, eu acredito que “Observatory” pode ser a verdadeira continuação do “The Meadowlands” (2003) que nunca ouvimos.
