O rapper paulistano Rashid divulgou na manhã desta quarta-feira (21) o single “Pílula Vermelha, Pílula Azul”, que ganhou um videoclipe dirigido por Levi Riera. A faixa, produzida por Grou, abre com versos extraídos de “Banditismo Por Uma Questão De Classe”, escrita por Chico Science para o clássico álbum “Da Lama ao Caos” (1994), do Nação Zumbi. No roteiro do filme, a escolha entre abraçar a verdade ou a ignorância, tendo consciência ou fugindo da realidade, é representada pela decisão entre tomar a pílula vermelha ou a azul, com alusão ao filme Matrix (1999). Já a linha “não me empurra que eu tô no limite” foi retirada – e traduzida para o português – da música “The Message”, lançada há 40 anos pelo grupo de hip hop Grandmaster Flash and the Furious Five. O vídeo apresenta dois protagonistas pretos separados por uma questão de classe e também retrata a loucura do mundo real e digital. Saber a verdade e compreender o mundo ao nosso redor ou fugir da realidade e se esquivar de questionamentos é uma dúvida inquietante.
Dito isto, Rashid adaptou suas referências líricas para o atual momento de crise do Brasil. Fã da Marvel, ele tem uma forte relação com a cultura pop. Além de “Matrix” (1999), os filmes “Akira” (1998) e “Blade Runner” (2017) também serviram de referência para o vídeo. Com uma dualidade vocal inédita, “Pílula Vermelha, Pílula Azul” serve de trilha sonora para cenas de um Brasil underground. Liricamente, é uma música crítica com linhas direcionadas para o Governo e versos inteiros dedicados a atual crise política. “Invencível, vejo os porcos recolhendo propina / Desses que votam em quem tenta faturar com vacina”, ele diz aqui. A produção é mais crua e orgânica do que o esperado – Rashid e Grou focaram principalmente nos tambores empoeirados enquanto os sintetizadores cobrem o pano de fundo. “Em algum lugar distante disso / Os ricos sempre mais ricos não conterão todo vício / E os outros 99 já não serão submissos / Creia nisso para o seu, desespero e rebuliço”, ele proclama antes de recitar o gancho principal: “Enquanto isso não me empurra que eu tô no limite”.