A banda Adorável Clichê, composta por Gabrielle Philippi, Marlon Lopes da Silva, Gabriel Geisler e Felipe Protski, foi formada em Blumenau, Santa Catarina, em 2013. Seu primeiro projeto, o EP “São Tantos Anos Sem Dizer”, foi lançado de forma independente em 2016. Posteriormente, eles lançaram seu primeiro álbum, intitulado “O Que Existe Dentro De Mim”, em agosto de 2018. Influenciada por Sonic Youth e Snail Mail, o grupo investe principalmente em singles e gravações ao vivo. Depois de quatro anos desde seu último álbum de estúdio, os catarinenses resolveram compartilhar novas canções como “Derrota”, “Mar Aberto”, “Cadência” e, mais recentemente, a inédita “Papel de Trouxa”.
Embora seja outra canção particularmente familiar, ela é caracterizada principalmente pelos sintetizadores cintilantes, as guitarras melosas e influência oitentista. Sua atmosfera nostálgica amplifica o território da banda e fornece maior profundidade para o lirismo sentimental de Gabrielle Philippi. “Papel de Trouxa” oferece um retrato do dia a dia e das incertezas do cotidiano mesclando tais temas com uma sonoridade que vai do dream pop ao post-rock. “Não faço sentido, não importa o que eu digo / Eu não posso evitar pensar no que pode ser”, Philippi canta docemente. Certamente, uma das principais características do Adorável Clichê é a mistura da voz suave com as altas guitarras – focando num som mais punk, agressivo e igualmente sonhador. Tecnicamente, o quarteto não trouxe nada de inovador ou surpreendente, mas ganha muitos pontos por conta da mistura interessantes de gêneros. Tanto no lirismo quanto na produção, eles colocaram muito cuidado aos detalhes. O post-rock, o dream pop, o shoegaze e os riffs herdados do indie rock dos anos 2000 são a base para o Adorável Clichê. E aqui não foi diferente: “Papel de Trouxa” misturou tudo isso de forma mais arejada e açucarada.