Três anos depois de lançar seu álbum de estreia, “Beware of the Dogs”, Stella Donnelly retornou com uma nova canção chamada “Lungs”, o primeiro single de seu novo álbum, “Flood”. Sua bateria brinca na introdução enquanto a voz de Donnelly voa pelas oitavas – muito parecido com o pássaro que ela está vestida no vídeo. “Esticando o couro em sua carteira”, ela canta, brilhando sob o indie pop exuberante. “Que meus pulmões estão se enchendo”. Os pássaros assumem um papel maior no “Flood”, um registro diretamente inspirado no tempo que Donnelly passou observando os pássaros nas florestas tropicais de Bellingen, na Austrália – bem como nas cidades para as quais ela viajou em todo o país. Ela escreveu 43 músicas durante esse período, explicando que estar na natureza a tornou mais capaz de compor. Em “Beware of the Dogs”, Donnelly lutou com questões que vão desde o racismo institucional do governo australiano até a masculinidade tóxica. Com “Lungs”, ainda não está claro para qual direção ela pretende ir no “Flood”, mas se for alguma indicação, é um excelente pontapé inicial.
Liricamente, ela aborda temas difíceis com a mesma honestidade de uma criança. Enquanto os vocais voam sobre um piano cristalino e uma linha de baixo, a faixa se revira através do indie pop, arrastada por uma bateria propulsiva de dois passos. Aqui, Donnelly assume a perspectiva de uma criança assistindo ao despejo de seus pais: “Viva o amianto no aluguel”, ela gorjeia, “Parece tudo certo para mim”. Embora Donnelly não seja estranha a letras desse tipo, os instrumentais abafados muitas vezes obscurecem sua indignação incisiva. Em “Lungs”, porém, a produção enganosamente dinâmica adiciona outra camada de ironia; os brilhantes acordes de piano oscilam como sirenes enquanto ela suga o sofrimento de sua família. A vivacidade de “Lungs” reflete a raiva justificada de Donnelly: “Grande homem, orgulhoso com sua nova faixa”, ela zomba no refrão. “Eu serei uma criança, o resto da minha vida”. No entanto, nem tudo é desgraça, ela consegue evocar aquela inocência infantil na gravidade da situação, para tirar o melhor proveito de um resultado ruim. Isso faz de “Lungs” uma música extraordinariamente agradável.